O Reino Unido (formado pela Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales) tem o trigo como a principal cultura agrícola. Apesar de não ser o maior produtor mundial do cereal, as lavouras do Reino Unido apresentam as melhores produtividades, com média de 9 mil kg/ha. Ainda assim, muitos problemas são semelhantes aos do Brasil, como doenças nos trigais e clima desfavorável na colheita. Muitos são os motivos da aproximação dos centros de pesquisa da Europa com a Embrapa, na formalização de parcerias em projetos de pesquisa conjuntos e no intercâmbio de pesquisadores.
“Historicamente, os pesquisadores brasileiros eram destinados para outros países, especialmente Europa e Estados Unidos, em busca de conhecimentos. Agora, estamos invertendo este processo, trazendo pesquisadores estrangeiros para o Brasil”, afirma o pesquisador do escritório da Embrapa em Londres (LabEx Europa), Alexandre Morais do Amaral. Segundo Amaral, o interesse nas pesquisas com trigo no Sul do país se deve às similaridades do clima, cuja umidade resulta na incidência de doenças fúngicas e ao período de chuvas coincidir com as operações de colheita, afetando a qualidade comercial do cereal. “O Reino Unido produz 14 milhões de toneladas de trigo por ano, numa área de 1,8 milhão de hectares. Isto representa produzir toda a demanda de trigo do Brasil, que é de 10 milhões de toneladas, e ainda com excedente para exportar, quase na mesma área em que conseguimos produzir 5 milhões de toneladas. Porém, o Reino Unido enfrenta chuva na colheita assim como nós, e tem as mesmas dificuldades para manter estabilidade na qualidade”, explica a Chefe Adjunta de Pesquisa da Embrapa Trigo, Ana Christina Albuquerque Sagebin, ressaltando que a troca de conhecimentos será benéfica para os dois países, já que o Brasil é destaque nos trabalhos voltados ao controle de doenças e adaptações às variações do clima.
A primeira aproximação oficial entre pesquisadores brasileiros e britânicos aconteceu em maio deste ano, durante um workshop entre Brasil e Reino Unido, que reuniu cerca de 30 pesquisadores, de diversas instituições que pesquisam trigo. Outro avanço é o desenvolvimento de um projeto que está em andamento nas área de biotecnologia e bioinformática, que reúne 30 pesquisadores dos dois países. E, na avaliação do pesquisador do Labex Europa, Alexandre Amaral, a maior conquista da parceria até o momento, a vinda do Chefe do Departamento de Doenças do Instituto Rothamsted, John Lucas, para ficar num dos centros de pesquisa da Embrapa, na Embrapa Cerrados, DF, pelo período de seis meses, avaliando oportunidades de trabalhos conjuntos e intercâmbio de pesquisadores e bolsistas.
Na Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), John Lucas troca experiências nos dias 7 e 8/11. Depois, segue para as Embrapas Suínos e Aves (Concórdia, SC), Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS), Solos (RJ) e Agrobiologia (RJ).