A crença em Maria Elizabeth de Oliveira atraiu centenas de romeiros, vindos de diferentes regiões do Estado, e até mesmo do Uruguai, ao cemitério da vila Vera Cruz, durante todo o domingo, para celebrar o 46º aniversário da morte da menina considerada santa popular. Logo ao amanhecer, caravanas de fiéis já formavam fila para entrar no jazigo onde o corpo da jovem está sepultado. Em poucas horas, o local ficou repleto de rosas vermelhas, em agradecimento por graças alcançadas.
Maria Elizabeth faleceu em 28 de novembro de 1965, vítima de um atropelamento. Desde então, devotos atribuem a ela o poder de interceder e atender pedidos. Além da visitação ao jazigo, a celebração contou com uma missa, rezada às 10h, em frente ao cemitério. A prefeitura disponibilizou 500 cadeiras e cobertura para acomodar o público. No final, o prefeito Airton Dipp anunciou a construção de uma capela para melhorar a estrutura aos visitantes. Segundo a secretária de Transportes e Serviços Gerais, Mariniza dos Santos, a prefeitura vai doar à Mitra Diocesana, o terreno existente ao lado da central de atendimento do cemitério. A capela terá 300 metros quadrados. "Já temos o esboço do projeto e o encaminharemos à Câmara de Vereadores. A construção será de responsabilidade da Mitra, através da participação da comunidade" diz Mariniza.
Devoção
A cada ano que passa, a devoção em torno de Maria Elizabeth ganha novos adeptos. Centenas de pessoas viajaram durante toda a noite de sábado e madrugada de domingo para participar da celebração. Na bagagem, histórias de sofrimento superadas pela fé. A uruguaia Adriana Oliveira, 36 anos, natural de Montevidéu, mas atualmente residindo em Santana do Livramento, enfrentou quase nove horas de viagem até Passo Fundo. "Estou vindo pela primeira vez para agradecer e pedir proteção" afirma. Os fiéis de Santana do Livramento lotaram dois ônibus. Já a devota Magda Rosane, 55 anos, participa pela 4ª vez, e diz ter uma prova da divindade de Maria Elizabeth. "Quando vim pela primeira vez, em 2008, levei um botão de rosa branca. Coloquei-o em um copo e a água ficou completamente vermelha, cor de sangue. Tenho o botão até hoje lá. A água está mais clara, mas ainda avermelhada, tenho fotos para provar" afirma.
Oitenta rosas, 80 graças
Marizete Brustolin Casanova, 54 anos, moradora de Sertão, também aguardava ansiosa na fila a vez de entrar no jazigo e depositar 80 rosas vermelhas em agradecimento. "Cada uma delas representa uma graça alcançada por familiares e amigos" revela. Para comprovar a devoção na santa popular, mostrou um prato, com resquícios de cera de vela, onde afirma ter formado, de um lado, a figura de uma rosa, e no outro, a imagem de Maria Elizabeth. Logo atrás, a sobrinha, Gisiane Brustolin dos Santos, 31 anos, mostra as marcas de um acidente sofrido na última segunda-feira, no trevo de Tapejara. "O carro capotou e não sobrou nada, tive apenas escoriações graças à proteção de Maria Elizabeth” diz emocionada. Maria Nilza Santos Amaral, 68 anos, de Rosário do Sul, também veio agradecer pela superação de três problemas de saúde enfrentados na família. “Minha filha sofreu um derrame e a minha uma isquemia, ambas estão bem. Agora peço pelo meu marido que está com dificuldades para caminhar” conta. Já Clélia de Lima Gonçalves, 68 anos, de Vacaria, diz que, enquanto tiver forças, estará presente em Passo Fundo nesta data. Ela participa há 10 anos da celebração e também organiza excursão dos devotos. “Quando chega o mês de setembro já começamos a organização para o evento. Fiz promessa de sempre estar aqui e estarei enquanto puder” afirma.
Município reafirma construção de capela
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