um grupo de italianos esteve em Passo Fundo neste domingo, 08, cumprindo parte de um trajeto movido a pedaladas, que abrange 598 km em solo rio-grandense em um percurso de seis etapas diárias. A jornada envolve ciclistas italianos que realizam um trajeto pelas regiões da Serra e Planalto Médio, tendo como ponto de partida e chegada o município de Monte Belo do Sul. São 30 pessoas, todas acima dos 45 anos, cinco delas atuam na equipe de apoio como batedores.
O agente consular da Itália em Passo Fundo, Ivanio Susin, conta que o tour ciclístico comemora os dez anos de ‘gemellaggio’ ítalo-brasileiro. A expressão designa um forte laço de amizade, neste caso, firmado entre as cidades Comune de Schiavon, da Província de Vicenza, situada ao norte da Itália, e de Monte Belo do Sul, na Serra gaúcha. “A maioria dos participantes são pessoas aposentadas que aproveitam o período do inverno europeu para pedalar no verão que temos aqui. Com a neve é impossível praticar lá”, diz Susin.
Impressiona a vitalidade do grupo em que predomina a média de idade entre 60 e 70 anos e que percorra cerca de 100 km ao dia durante o giro ciclístico. A maioria são aposentados, quase todos homens e predominantemente artesãos e profissionais liberais, cuja faixa etária varia entre 46 e 78 anos. Um dos idealizadores do grupo Antonio Bianchi, 70 anos, é ex-prefeito de Schiavon. “Somos todos apaixonadas pela bicicleta”, relata ao dizer que começou a levar a sério as pedaladas por recomendação médica, aos 35 anos. Com o tempo, o que era apenas um hábito saudável, tornou-se estilo de vida e também deu sentido à confraria que promove a cultura italiana, a Associazione Culturale Merica Merica.
Durante a estada na capital do Planalto Médio, foi oferecido aos ciclistas um almoço de confraternização no Haras MD, com a participação de descendentes italianos e o Grupo de Ciclistas Pedal na Noite. Os desportistas já passaram por cidades como Bento Gonçalves, Veranópolis, Nova Prata, Casca, Protásio Alves e Marau. Ainda durante a tarde de ontem, o grupo deu sequencia ao circuito e partiu para Carazinho, de onde segue a Arvorezinha, após Serafina Correa e finalmente retorna ao ponto de partida no dia 11 de janeiro.
Esta é a segunda edição de evento do gênero. O primeiro ocorreu em janeiro de 2010, também em seis etapas com 600 Km percorridos, de Canoas a Monte Belo do Sul, finalizada em Florianópolis – SC.
O pacto entre as cidades
O ‘gemellaggio’ se deu através do contato entre os prefeitos das duas cidades na época, Bianchi e Leonir Razador, quando este último esteve em viagem ao país europeu, com um grupo de brasileiros. Pesquisas feitas pelos idealizadores dão conta que em Monte Belo do Sul existe uma família chamada Barbieri, ali instalada depois da Segunda Guerra, por volta de 1948. Porém antes do início da colonização feita pelos primeiros imigrantes da família, os avós destes já haviam estado em solo gaúcho, mas retornaram à terra natal. Com a pesarosa situação do pós-guerra, os Barbieri de Schiavon decidiram deixar a Itália e mudar-se em definitivo para o pequeno município do Vale dos Vinhedos.