O secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, disse ontem em Passo Fundo que a melhor solução para o caso Doux Frangosul é a empresa ser vendida para outro grupo. Informações não oficiais dão conta de que já há uma negociação em curso para mudança de comando. “A empresa tem um endividamento de R$ 300 milhões e os agricultores gaúchos estão servindo de mão de obra para eles mandarem dinheiro para fora do país”, disse o secretário. Um dossiê com informações que constam esta suspeita foi entregue pelo governo ao Ministério Público Estadual na terça-feira à noite. Conforme Mainardi, se ficar caracterizada esta atitude, a empresa está cometendo um crime. “O que não podemos admitir é que esta situação coloque em risco um sistema integrado de produção que envolve 23 mil pessoas no Estado. O simples fechamento da indústria seria um caos”, disse Mainardi. No entanto, salientou que o mercado avícola está aquecido e há uma previsão de crescimento na produção para os próximos dez anos, o que gera interesse por parte de outros grupos em adquirir a Doux.
O procurador-geral de Justiça em exercício, Ivory Coelho Neto, recebeu a representação do Governo do Estado com pedido de investigação das negociações envolvendo a atuação da filial da Doux Frangosul no Estado. Tanto o Governo como os produtores querem saber a real situação financeira da empresa que há mais de 150 dias está em atraso com o pagamento de lotes integrados de aves e de suínos. Conforme a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio indícios dão conta de que artifícios contábeis teriam sido utilizados para transferir recursos da filial brasileira para a matriz francesa.
Diante da gravidade dos fatos, Ivory informou que examinará pessoalmente toda a documentação. Em seguida, um promotor-assessor da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos fará uma análise para saber qual será a atribuição do Ministério Público em toda a questão. O que for de competência de outras instituições será imediatamente encaminhado para elas.
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