Produtor investe na criação de novas variedades de feijões

O feijão é um alimento tradicional em todo o Brasil. Em cada região há preferências quanto ao tipo do grão e também quanto ao modo de preparo. O feijão preto é um dos mais populares, tanto que virou até ditado popular: “mais conhecido que feijão preto”. Mas não é só dos grãos ébanos que se faz uma feijoada. Na comunidade de São Roque, no interior de Passo Fundo, um produtor familiar resolveu inovar na produção de feijão. Atualmente são produzidos 13 tipos de grãos de cores, formatos, tamanhos e usos diferentes. E não para por aí. Por meio da seleção de cultivares e cruzamentos entre os tipos, ele pretende ampliar o número de variedades que são vendidas diretamente aos consumidores na Feira do Produtor.

Todo o cuidado na produção começa ainda na escolha das sementes. As defeituosas ou com características indesejáveis são separadas uma a uma manualmente por Jandira Michel. É ela que tem a responsabilidade de selecionar os melhores grãos que serão plantados pelo esposo, Mércio Michel. As cultivares com características já definidas são plantadas separadamente para evitar o cruzamento. Mas ele ousa. Constantemente ele planta diversas variedades próximas para que elas se cruzem e criem novos tipos de feijão. Todo o interesse em cruzar os feijões surgiu das observações dos cruzamentos que ocorriam naturalmente no campo e também pela curiosidade em conseguir formatos diferenciados e cores variadas. Alguns deles chegam a ter três cores no mesmo grão.

Feijões coloridos
As sementes oriundas dos cruzamentos são testadas em pequenas áreas para se avaliar as característica dos grãos, da planta e a produtividade. Aqueles cuja planta se assemelha aos pés de soja – com uma formação de copa e não de corda – são preferidos. Isso porque o manejo em plantação irrigada e mesmo a colheita são facilitados com esse tipo de planta. Além disso, pode-se ter uma população maior de plantas no mesmo espaço, que consequentemente aumenta a produção por área. O ciclo também é acompanhado para saber quais as mais precoces e as mais tardias.

Quando as cultivares testadas rendem grãos atraentes e de boa produtividade eles passam a ser produzidos em quantidade maior para serem vendidos na feira do produtor. Michel diz que todo esse trabalho de seleção e busca por novos tipos compensa na hora da venda. Enquanto o feijão preto comum é vendido por cerca de R$3,90 o quilo os feijões coloridos chegam a valer quase o dobro. A esposa de Michel, Maria Jandira faz questão de experimentar cada novo feijão criado a partir dos cruzamentos.

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