Para ver o samba passar

Academia da Cohab I aposta no ritmo mais popular do país para conquistar primeiro título

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Depois de beliscar o título por dois anos consecutivos, a Academia de Samba da Cohab I, quer mudar a história no desfile de rua deste ano e conquistar seu primeiro carnaval. Para isso, decidiu homenagear ninguém menos do que ele: o samba. Com o enredo Alô Academia, não deixe o samba morrer, a verde e branco vai mergulhar nos terreiros, no canto dos escravos, até chegar em Donga, autor de Pelo Telefone, reconhecido como o primeiro samba. O enredo viaja e sobe os morros cariocas com os mestres Pixinguinha, Nelson Cavaquinho e Cartola. Na sequência, encontra o pagode e chega aos dias atuais, com novas misturas rítmicas.

Academia terá na avenida 400 componentes, divididos em nove alas, três carros alegóricos e um tripé. A direção reconhece o clima de otimismo na comunidade, mas mantém a concentração no trabalho para não deixar escapar nenhum detalhe. “No ano passado perdemos por meio ponto. Conquistamos dois vices seguidos, agora queremos ser campeões”, diz o presidente Neri Ribeiro.

Para o carnaval deste ano, a escola fez algumas mudanças no setor de harmonia e no comando da comissão de frente, que vai apresentar elementos de raízes africanas, como a umbigada, dança trazida pelos escravos e praticada nos quilombos ao ritmo do semba, original da angola.

A produção das fantasias está sob o comando da carnavalesca Neca Ribeiro, que também é esposa do presidente. Nessa época, a residência do casal se transforma em uma espécie de barracão improvisado. Uma das peças foi dedicada apenas para a confecção das fantasias. As equipes costumam varar as madrugadas para deixar tudo pronto dentro do tempo previsto. “Como todos trabalham cedo no dia seguinte, muitas vezes dormimos uma ou duas horas, mas vale a pena ver todo esse trabalho na avenida”, diz Neca.

Outros dois núcleos de produção das fantasias funcionam nos bairros Vera Cruz e Dona Júlia. Como 70% dos integrantes da Academia são moradores da Cohab, o envolvimento e a dedicação contagiam a todos.

Afinando os tamborins

Os ensaios acontecem à noite, no salão da comunidade, sob o som da bateria do mestre Marcos José dos Santos da Silva. Segundo ele, caracterizada pelo equilíbrio entre as batidas dos surdos de primeira, segunda e terceira, sem o predomínio de nenhum deles. “São marcações diferentes que acabam formando um som harmonioso”, explica. Reconhecido no universo do samba como um dos principais mestres de bateria da cidade, o presidente Neri Ribeiro, mesmo no corre-corre que a função do cargo exige, não deixa de dar uma paradinha para ouvir atentamente a bateria e fazer suas observações, quando necessárias. “Não tem como ficar longe da bateria, são muitos anos de envolvimento. A gente troca ideia com o Marcos, que tem muito conhecimento  e está fazendo um belo trabalho. A bateria deste ano está bem afinada”, explica Neri.

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