A estiagem é uma preocupação que está seguindo os produtores rurais desde o início do verão, quando houve o anúncio da atuação do fenômeno La Niña, que é conhecido por diminuir o volume de chuvas. Com isso, depois de perdas irreversíveis na lavoura de milho, a preocupação era com a outra cultura, a soja. Porém, a chuva que começou a aparecer no início da noite de terça-feira (21) e deve permanecer até, pelo menos, amanhã (24) levou esperança e alívio para os produtores.
O registro da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet apontou a quantidade de 16,8 milímetros de chuva na noite de terça-feira. Porém, como é comum que no verão elas sejam mal distribuídas, algumas regiões do município registraram entre 25 e 30 milímetros e em municípios próximos, como Constantina, chegou a chover 90 milímetros.
Essa era a boa notícia pela qual esperavam os agricultores. Segundo engenheiro agrônomo da Emater, Claudio Dóro, a chuva foi muito bem-vinda. “Ela teve amplitude regional. Foi variada a intensidade, mas a abrangência foi bastante grande”, comemora. De acordo com ele, num raio de 150 quilômetros de Passo Fundo a notícia é de que choveu. “A soja estava atravessando um estresse hídrico, uma deficiência de água acumulada, desde o início do cultivo da lavoura, em torno de 200 milímetros”, afirma Dóro.
Porém, a chuva veio no momento certo. “A soja está num momento crítico, onde necessita uma maior quantidade de água. A demanda é de 4 a 5 milímetros de água por dia, pois é justamente na fase de enchimento de grãos que via determinar a produtividade da lavoura”, explica o engenheiro agrônomo. Assim, o resultado dessa chuva foi alento aos produtores.
Safra regular
A previsão, embora prematura, é de que a região de Passo Fundo tenha uma safra de regular a boa. O cuidado agora é para evitar que a cultura seja atingida por doenças. “O agricultor tem que ficar muito atenta às doenças, especialmente a ferrugem asiática, que nesse clima de constante molhamento da planta e temperatura alta favorece o aparecimento da doença. Por isso, precisam continuar monitorando a lavoura”, destaca Dóro.
Se as chuvas passarem a ser regulares, com cerca de 40 milímetros por semana, as expectativas podem ainda melhorar. “Nas próximas semanas seria preciso que chovesse cerca de 150 milímetros, até meados de março. Depois a soja entra no período de maturação e colheita e já dispensa água, mas nas próximas quatro semanas precisamos de chuvas bem distribuídas para continuar a expectativa de uma safra regular para boa”, ressalta o engenheiro agrônomo.
Previsão do tempo
Segundo informações da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet, o clima continua instável até, pelo menos, sexta-feira (24). Conforme o observador meteorológico Luiz Sandri, a previsão aponta que nos próximos dias podem ocorrer pancadas de chuva. A temperatura diminui um pouco, e as máximas não devem passar dos 28ºC. As temperaturas mínimas também diminuem, ficando entre 14ºC e 15ºC.