A omissão de socorro por parte de um serviço instituído para zelar pela vida e saúde dos cidadãos virou caso de polícia em Passo Fundo. Na segunda-feira, 26, o aposentado de 62 anos Delvir Moura da Silva amanheceu gritando de dor no lado esquerdo do corpo, paralisado desde o derrame sofrido há pouco mais de dois meses. Por volta das 7h30 o sofrimento era tão intenso que Delvir urrava por socorro. Depois de uma noite insone ao lado do marido, Ivone Moura Silva ligou para o número 192 em busca de atendimento. Em resposta ao apelo, do outro lado da linha uma voz afirmou que este tipo de caso não era da competência do Samu. “Eles disseram que só atendem acidentes de trânsito”. Entre o desespero e a revolta, a mulher decidiu recorrer à polícia. Em contato com a Brigada Militar, recebeu outra negativa, mas o desatino de Ivone e os urros do aposentado sensibilizaram a militar que atendeu a chamada.
“Em cinco minutos a Brigada estava aqui, mas eles não podiam fazer nada, nem levar porque precisa locomover ele com uma maca”. Além da paralisia que o prendeu à cama em janeiro deste ano e faz com que tenha que usar uma sonda para urinar, Dalvir é ainda diabético, hipertenso e sofre de doença reumática conhecida como gota. Como era impossível transportá-lo na viatura, os policiais entraram em contato com a sala de operações da BM para que fosse buscado contato com a Samu. Após aguardar 18 minutos para ser atendida a soldado que realizou a ligação obteve a informação de que a Samu não deslocaria uma ambulância para atender o caso e ouviu do médico, identificado apenas como “Dr. Pedro”, que “não se metesse no serviço deles”.
O sargento Nédio José dos Santos é um dos policiais que estava na guarnição deslocada até a residência do casal, situada no bairro Santo Antonio. Ele também tentou, sem êxito, o atendimento médico de urgência. “Fiz o contato com o meu telefone, aí me passaram escutar música até cair a ligação. Caiu a ligação eu desisti e liguei para os bombeiros”. O atendimento foi extraordinário, e ocorreu somente por intervenção da Brigada, pois os bombeiros são de fato responsáveis pelo atendimento a vítimas de desastres, especialmente acidentes. “Se a Brigada não tivesse vindo não sei o que teria acontecido. Ele teria morrido gritando, ia dar uma coisa muito feia nele”, afirmou Ivone. Os militares orientaram o registro policial por omissão de socorro, onde consta o relato da esposa da vítima e da guarnição policial.
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