BARRADOS

Brasileiros correspondem a 12% do total de pessoas barradas em aeroportos da União Europeia

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Diariamente brasileiros são impedidos de entrar em outros países ao redor do mundo, especialmente na Europa. Para se ter uma ideia da situação, há não muito tempo atrás, em 2010, a média de brasileiros deportados do aeroporto de Londres, por exemplo, era de um a cada hora e meia. Casos como o da idosa de 77 anos que ficou detida por três dias no aeroporto de Madri há cerca de um mês levantam uma questão em relação aos brasileiros barrados e deportados dos aeroportos europeus. Qual o limite entre a soberania nacional de um país e o preconceito e abuso de autoridade?

É óbvio que, em muitos casos, os brasileiros, após anos de imigração ilegal e o velho hábito do “jeitinho brasileiro”, acabaram sendo muito mal vistos no exterior, e, de fato, alguns não cumprem com os requisitos necessários para terem acesso à União Europeia, por exemplo, quando desembarcam. Mas, e quando o viajante comprova ter dinheiro, hospedagem e passagem de volta já em mãos além da documentação necessária e mesmo assim é mandado de volta ao Brasil? Ou ainda desembarca em algum aeroporto do exterior para realizar uma conexão e acaba detido e tratado como se fosse um criminoso. O tratamento dispensado aos brasileiros nos aeroportos mundo afora não é necessariamente o mais cordial e amistoso. E casos de abusos contra brasileiros não são registrados somente na Europa, embora, segundo dados da Agência Europeia de Controle de Fronteiras (Frontex), os brasileiros representem 12% do número total de entradas recusadas, sendo que a maioria dos recusados tentava entrar em Portugal e na Espanha.

Em 2007, um grupo de dez pessoas saiu de Passo Fundo com destino ao Canadá para a realização de cursos. A rota previa uma parada na Cidade do México para que eles embarcassem em outro avião que os levaria ao Canadá.

O voo, que sairia de São Paulo atrasou, o que fez com que o grupo perdesse a conexão na Cidade do México. Na chegada, os brasileiros foram encaminhados a uma sala, onde permaneceram por mais de 40 horas até que conseguissem embarcar. “Era uma viagem que eu queria muito fazer. Com o atraso do voo de São Paulo, quando chegamos ao México tínhamos dez minutos para realizar a conexão, mas com esse tempo não é possível. Nos colocaram na sala de imigração e a partir daquele momento ficamos lá por cerca de 40 horas”, disse a professora de inglês Natalia Mafacioli Marin, integrante do grupo.

Segundo Natalia, as condições da sala também não eram adequadas para que as pessoas ficassem no local por tanto tempo e só era possível deixar a sala acompanhada por guardas do aeroporto. “Se quiséssemos sair da sala, só era permitido se houvesse um guarda junto. Fomos tratados como ladrões ou coisa assim. Alguns de nós tiveram de dormir no chão, foram momentos que só quem passa por isso sabe a humilhação que é. Ao menos estávamos lá em grupo e todo mundo se ajudava”, afirmou. Além do transtorno no México, o grupo ainda perdeu o primeiro dia de aula em Vancouver. Os agentes da imigração mexicana alegaram que o grupo permaneceria detido por não ter visto de entrada no país e teria de aguardar outro avião para o Canadá. Quando os brasileiros foram conduzidos à sala, outro grupo de pessoas já aguardava no local.

Ainda conforme a professora, as condições de higiene também não eram as melhores. “Os banheiros eram horríveis e não tinham luz. Traziam uma comida terrível para nós. A gente se sente realmente humilhado e sem saber quando vai sair dali. Eu pensava ‘sou uma cidadã digna, só quero fazer o meu curso’”. Os brasileiros tentaram contato com a embaixada brasileira no México para tentar resolver o problema, porém não obtiveram retorno. “Tentamos entrar em contato com a companhia aérea, mas só conseguimos no outro dia. Fizemos fotos da situação e incluímos no processo contra a companhia aérea”, contou. Após quatro anos, a Justiça deu parecer favorável aos passageiros detidos, e, embora tenha sido comprovado o erro da companhia aérea com o atraso do voo que partiu de São Paulo, não houve justificativa para o tratamento truculento dispensado aos brasileiros.

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