O Ministério Público Federal deve investigar duas ocorrências de biopirataria em Passo Fundo. Em menos de um mês, duas encomendas de animais exóticos enviados da Europa foram interceptadas pelos Correios da cidade. Em 19 de abril, oito escorpiões e três aranhas vindos de Wenden, na Alemanha, foram apreendidos. Na segunda-feira (7), mais 14 aranhas, vindas de Gijon, na Espanha, foram confiscadas.
De acordo com o responsável pela base avançada do Ibama em Passo Fundo, Flabeano Castro, o órgão encaminhou ao Ministério Público Federal o auto de apreensão dos escorpiões e das aranhas da Alemanha e, em breve, encaminhará o segundo auto, da apreensão das aranhas espanholas.
As aranhas apreendidas na segunda-feira (7) serão encaminhadas amanhã (10) ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, em Porto Alegre. O órgão deve identificar a espécie e sexo, analisar a condição de saúde e destinar corretamente os animais. As aranhas devem ser encaminhadas para um zoológico. “Os animais não podem ser soltos por serem de outro país. Além de correr o risco de não sobreviver em um ambiente diferente, as aranhas podem concorrer as nossas espécies”, comenta Castro.
O Ministério Público ainda pode determinar que o caso seja investigado pela Polícia Federal. A suspeita do Ibama é de que os animais seriam vendidos e usados para criação doméstica.
Exportação incomum
A introdução de espécie exótica no país sem autorização é considerada crime. A pena prevista é de três meses a um ano de detenção, além do pagamento de multa de R$ 2 mil, mais R$ 200 por cada indivíduo. De acordo com o Ibama, na biopirataria, o comum é que os animais saiam ilegalmente do Brasil, por causa da fauna diversificada, e não que sejam trazidos de outros países, como ocorreu em Passo Fundo.
Escorpiões tem preço alto
Especialistas do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Ibama, em Porto Alegre, identificaram que os escorpiões apreendidos em Passo Fundo são da espécie Imperador, originário da África e incomuns no Brasil. Cada um dos animais custa cerca de cinco euros no mercado europeu e pode ser vendido por aproximadamente R$ 100 no Brasil, de acordo com o órgão.