Investimento na lavoura de mandioca compensa

Produtor aposta em irrigação e consegue aumentar a produtividade mesmo durante a estiagem que assola a região

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Leonardo Andreoli/ON
A mandioca é conhecida por ser rústica e se adaptar bem a solos pobres. Também não é exigente em água e sofre quando ocorrem precipitações demais. Mas um produtor de Passo Fundo resolveu inovar nesta safra. Com a previsão de estiagem para o período de desenvolvimento da cultura ele utilizou a irrigação controlada para garantir um melhor resultado. E compensou. Na propriedade de Mércio Michel cada pé rende em média quatro quilos de raízes, enquanto que os produtores que plantaram em condições normais estão colhendo em média dois quilos por pé.
A irrigação da cultura não é uma prática comum, justamente por ela ser originária de regiões mais secas. O excesso de umidade pode ocasionar o apodrecimento das raízes, por isso o cuidado no cultivo irrigado precisou ser redobrado. Além de irrigar a cada quatro dias, as mudas foram plantadas em canteiros altos o que permite que o excesso de água escoe e não se acumule no solo. Para garantir o máximo rendimento, foi utilizado na área adubo químico. “Como tivemos esse período de estiagem as condições ficaram perfeitas. Geralmente o pessoal não dá muito valor para a cultura e planta em áreas em que não cresce mais nada. Mas se fizer um bom manejo ela produz muito”, avalia.
O plantio foi feito ainda em outubro do ano anterior. Em comparação com as áreas cultivadas no tempo percebe-se a diferença tanto no desenvolvimento da planta, quantidade de folhas e altura dos pés, quanto na qualidade das raízes. O comprimento e a circunferência são maiores, bem como a casca se solta mais facilmente. “O cozimento é rápido cerca de 15 minutos e está pronta”, garante o produtor. Na Feira do Produtor a raiz é vendida embalada e descascada. Pela melhor qualidade ele consegue vender o produto a um preço melhor, R$ 2,50 ao quilo, em comparação aos R$ 2,00 cobrados por outros produtores. 
Consórcio
Para garantir o máximo aproveitamento da área, no espaço entre as linhas de mandioca foi plantado feijão. “Antes de a as plantas terem folhas o suficiente para fechar os espaços o feijão já estava pronto para ser colhido”, explica. Na área foram cultivados pelo menos quatro tipos de mandioca.
Michel agora está em busca de novidades. Ele pretende ter disponível para venda em no máximo dois anos variedades de mandioca que não tenham o fio. Para isso ele já está em contato com alguns produtores para adquirir as ramas para o plantio.
Alimentação do gado
O investimento na lavoura compensa não só pelo melhor preço obtido na venda das raízes. As folhas, ramas e cascas são utilizadas para a alimentação do gado confinado e com grande potencial nutritivo. Michel explica que com o que sobra da área cultivada, que tem pouco mais de mil metros quadrados, é possível se produzir cerca de 500 quilos de carne por ano. “Se comparar com o gado alimentado com milho também tem algumas vantagens. A carne se desenvolve mais e apresenta menos gordura”, observa. 
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Mudança de atitude
O técnico da Emater de Passo Fundo Ademir Trombetta observa que hoje vários produtores já estão despertando para a utilização de algumas tecnologias de manejo nas lavouras de mandioca. No entanto, boa parte dos produtores ainda planta mandioca em solos menos férteis. Ele observa ainda que a irrigação da cultura não é comum por ela ter pouca exigência de água e em casos de excesso as raízes podem apodrecer com facilidade. A produção média dos produtores é de dois quilos por pé. “Está um pouco abaixo do ideal em função da estiagem. O desenvolvimento no peso médio por pé está inferior em comparação com épocas normais”, observa. Além disso, o solo seco dificulta a retiradas dos pés da lavoura. Em Passo Fundo, a produção de mandioca é de aproximadamente 40 hectares
(Fotos: Leonardo Andreoli/ON)
01 – Irrigação garante produtividade média de quatro quilos por pé de mandioca na propriedade de Mércio Michel
02 e 03 – Porte das plantas é superior em comparação as lavouras cultivadas no tempoA mandioca é conhecida por ser rústica e se adaptar bem a solos pobres. Também não é exigente em água e sofre quando ocorrem precipitações demais. Mas um produtor de Passo Fundo resolveu inovar nesta safra. Com a previsão de estiagem para o período de desenvolvimento da cultura ele utilizou a irrigação controlada para garantir um melhor resultado. E compensou. Na propriedade de Mércio Michel cada pé rende em média quatro quilos de raízes, enquanto que os produtores que plantaram em condições normais estão colhendo em média dois quilos por pé.

A irrigação da cultura não é uma prática comum, justamente por ela ser originária de regiões mais secas. O excesso de umidade pode ocasionar o apodrecimento das raízes, por isso o cuidado no cultivo irrigado precisou ser redobrado. Além de irrigar a cada quatro dias, as mudas foram plantadas em canteiros altos o que permite que o excesso de água escoe e não se acumule no solo. Para garantir o máximo rendimento, foi utilizado na área adubo químico. “Como tivemos esse período de estiagem as condições ficaram perfeitas. Geralmente o pessoal não dá muito valor para a cultura e planta em áreas em que não cresce mais nada. Mas se fizer um bom manejo ela produz muito”, avalia.

O plantio foi feito ainda em outubro do ano anterior. Em comparação com as áreas cultivadas no tempo percebe-se a diferença tanto no desenvolvimento da planta, quantidade de folhas e altura dos pés, quanto na qualidade das raízes. O comprimento e a circunferência são maiores, bem como a casca se solta mais facilmente. “O cozimento é rápido cerca de 15 minutos e está pronta”, garante o produtor. Na Feira do Produtor a raiz é vendida embalada e descascada. Pela melhor qualidade ele consegue vender o produto a um preço melhor, R$ 2,50 ao quilo, em comparação aos R$ 2,00 cobrados por outros produtores. 

Consórcio

Para garantir o máximo aproveitamento da área, no espaço entre as linhas de mandioca foi plantado feijão. “Antes de a as plantas terem folhas o suficiente para fechar os espaços o feijão já estava pronto para ser colhido”, explica. Na área foram cultivados pelo menos quatro tipos de mandioca.
Michel agora está em busca de novidades. Ele pretende ter disponível para venda em no máximo dois anos variedades de mandioca que não tenham o fio. Para isso ele já está em contato com alguns produtores para adquirir as ramas para o plantio.

Alimentação do gado

O investimento na lavoura compensa não só pelo melhor preço obtido na venda das raízes. As folhas, ramas e cascas são utilizadas para a alimentação do gado confinado e com grande potencial nutritivo. Michel explica que com o que sobra da área cultivada, que tem pouco mais de mil metros quadrados, é possível se produzir cerca de 500 quilos de carne por ano. “Se comparar com o gado alimentado com milho também tem algumas vantagens. A carne se desenvolve mais e apresenta menos gordura”, observa. 

Mudança de atitude

O técnico da Emater de Passo Fundo Ademir Trombetta observa que hoje vários produtores já estão despertando para a utilização de algumas tecnologias de manejo nas lavouras de mandioca. No entanto, boa parte dos produtores ainda planta mandioca em solos menos férteis. Ele observa ainda que a irrigação da cultura não é comum por ela ter pouca exigência de água e em casos de excesso as raízes podem apodrecer com facilidade. A produção média dos produtores é de dois quilos por pé. “Está um pouco abaixo do ideal em função da estiagem. O desenvolvimento no peso médio por pé está inferior em comparação com épocas normais”, observa. Além disso, o solo seco dificulta a retiradas dos pés da lavoura. Em Passo Fundo, a produção de mandioca é de aproximadamente 40 hectares

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