O Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE), através do Projeto Filosofia nas Comunidades, realizou no dia 30 abril uma oficina no Presídio Regional de Passo Fundo. A atividade foi realizada no pátio interno do presídio e contou com a presença de mais de 20 detentos. A oficina realizada tematizou a crise ambiental e possíveis alternativas para seu enfrentamento, enfocando para a iniciativa das obras de saneamento da cidade de Passo Fundo, em especial para a questão da água e do esgoto. Esta atividade é parte do Projeto Goio-en que prevê a realização de oficinas de educação ambiental para a população passofundense, visando informar e refletir acerca das obras de saneamento em curso na cidade de Passo Fundo.
O objetivo da oficina é o de refletir sobre a questão ambiental e saneamento, enfatizando o direito a água e esgoto a partir de uma perspectiva crítica e global. A proposta metodológica consiste em levar os participantes a dialogar sobre o tema. A partir da introdução de situação problema que, nesta edição acontece mediante peça teatral, apresentada pelo Grupo de Teatro Ritornelo, intitulada AGORA, segue-se com reflexão dialogada em torno do tema. Segue-se de perto a matriz do método dialético, onde através de teses e antíteses, visamos chegar a construções de sínteses que, além da sensibilidade, ampliação da compreensão, também motive para o compromisso com ações práticas acerca das possibilidades e desafios que o tema apresenta. A fundamentação teórica embasadora visa problematizar e compreender o tema da questão ambiental em geral e saneamento com ênfase para água e esgoto em específico a partir da relação entre natureza, homem e mundo e da tensão entre crescimento e desenvolvimento sustentável, respectivamente. O problema da crise ambiental é decorrente da fragmentação entre ser humano, natureza e mundo e, além disso, da lógica de organização da vida (privada e pública) ser delineada pela matriz do crescimento e não do desenvolvimento sustentável. O trabalho teve uma duração de 2 horas e com ampla participação dos detentos.
Embora não devesse ser assim, mas por se tratar de um público “diferenciado” e muitas vezes estigmatizado, a atividade gerou expectativas em ambos os lados. Isto é, pelo lado dos detentos teriam uma atividade fora da rotina e, por outro, das pessoas que executariam a oficina, coordenadores, acadêmicos e participantes do grupo de teatro. Ao término do trabalho, a oficina superou as expectativas. Os detentos demonstraram um bom nível de capacidade crítica/reflexiva em relação as suas respectivas realidades, isto é, conseguiram fazem comparações entre a parte teórica desenvolvida com as circunstâncias específicas experienciais vivenciadas no cotidiano individual de cada um; demonstraram-se atentos e profundamente receptivos as participantes da oficina; quebra de preconceitos da parte dos acadêmicos e membros do grupo de teatro diante do respeito e boa acolhida frente ao tema abordado que, independentemente do lugar, envolve a todos/as, motivo pelo qual se justifica a realização do presente trabalho.