Enquanto contabilizam os prejuízos causados pela seca que se arrasta há mais de seis meses, agricultores do interior de Passo Fundo enfrentam um novo drama: garantir água para o consumo. Em propriedades, cujo abastecimento depende exclusivamente de fontes naturais (vertentes), a situação está tirando o sono de muitas famílias. Acostumados com a abundância do recurso, a escassez preocupa e provoca mudanças de hábitos no meio rural.
Sem previsão de chuva para os próximos dias, a Secretaria Municipal do Interior colocou à disposição dos agricultores um caminhão pipa com capacidade de 12 mil litros de água para o atendimento de casos urgentes. Segundo o secretário Flamino de Mello, o serviço já foi solicitado em três propriedades.
Calejado em contornar situações adversas provocadas pelo clima, o agricultor aposentado Valdir Mainardi, 65 anos, dessa vez acusou o golpe. Nascido e criado na localidade de Capinzal, distante aproximadamente 15 quilômetros do centro da cidade, ele se viu diante de uma situação inédita depois que a vertente que sempre garantiu o abastecimento da propriedade quase secou. Durante 30 dias, teve de recorrer ao supermercado para comprar água mineral. “Nunca tinha visto uma coisa como essa. Saí da área rural para comprar água na cidade. É a pior seca da minha vida” desabafa. Preocupado com o agravamento do problema, ele decidiu entrar no consórcio de um poço artesiano que abastece cerca de 14 famílias na região. Para ter água na torneira de casa, investiu aproximadamente R$ 2 mil, em canos e outros equipamentos. As 35 cabeças de gado são abastecidas por um fio de água de um córrego preservado com todo zelo.
Os números justificam a preocupação. Dados da Embrapa Trigo revelam que a diferença de chuva registrada nos últimos seis meses no município é de 300 milímetros em relação à média histórica do mesmo período (Confira os gráficos abaixo).
Para quem mora em áreas distantes da rede, o drama é ainda maior. Na semana passada, o agricultor Edevaldo José Lago, 35 anos, por muito pouco não perdeu um lote de 13 mil pintos depois que uma das vertentes da propriedade, que já chegou a fornecer água para propriedades vizinhas, reduziu a vazão. Preocupado, Lago solicitou o caminhão pipa disponibilizado pela prefeitura, mas diante da demora no atendimento, teve de improvisar uma solução mais rápida. “Coloquei uma bomba em outra vertente para não perder tudo. Quando o caminhão chegou aqui, não havia mais necessidade” afirma.
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