Trabalho permanente incentiva a doação de órgãos no HSVP

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O Hospital São Vicente de Paulo é um dos 548 estabelecimentos brasileiros autorizados a realizar transplantes de órgãos e tecidos. Na instituição são realizados transplantes de córnea, rim, fígado e tecido ósseo. Para conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos há o trabalho permanente de duas comissões. A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), que é responsável por encaminhar o paciente doador e auxiliar a família com relação ao procedimento. A CIHDOTT é formada por uma equipe especializada em transplantes, onde médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e estagiários participam do processo de acompanhamento. Além desta, o hospital conta também com a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO4), órgão da Central de Transplantes do Estado que atua em parte das regiões Norte e das Missões do Rio Grande do Sul.

Lançada no ano passado, a campanha permanente de doação de órgãos e tecidos  do HSVP, Doe órgãos – Uma Corrente pela Vida, é uma das ferramentas que fortalece as ações realizadas pelos profissionais. “Nosso trabalho é constante e incansável. Através da capacitação de coordenadores intra-hospitalares de transplante, palestras, treinamentos, entrevistas nos meios de comunicação e organização de seminários, buscamos desmistificar algumas visões que existem em torno da doação de órgãos”, ressaltou a assistente social da CIHDOTT, Mara Mendes.

Desde 2005, o HSVP tem em funcionamento o Banco de Tecido Musculoesquelético (BTME) e neste ano, o Banco de Tecido Ocular Humano (BTOH) começou a sua operacionalização, que além de armazenamento e processamento, auxiliam na captação desses tecidos. “De janeiro a abril deste ano foram doadas 12 córneas, oito rins, quatro fígados e 14 doações de tecido ósseo. Estamos empenhados para que aumente o número de doações, beneficiando os pacientes que aguardam na lista de espera por um transplante. Com o início das atividades do BTOH teremos a possibilidade  de receber as doações de córneas da área de abrangência da OPO4, ampliando o número de transplantados”, completou Mara.
 
Uma nova vida

Depois de três anos do transplante de fígado, o carazinhense Jorge dos Santos de 53 anos, hoje trabalha como voluntário em ações que incentivam a doação de órgãos. “Iniciei uma nova vida, na verdade comecei a viver como sempre deveria ter vivido, de forma muito mais saudável. Penso que a doação de órgãos é algo que necessitamos entender, pois há milhares de pessoas a espera de uma nova oportunidade de viver melhor. Depende apenas de cada um se conscientizar, para isso estou fazendo minha parte com contribuições em campanhas que eu mesmo busco organizar. Se cada transplantado conscientizasse uma pessoa, isso  iria se disseminar entre a sociedade, aumentado as doações. É uma missão de todos nós!”, evidenciou Jorge.
 
Transplante intervivos

Uma prática que se tornou comum entre as pessoas com familiares que necessitam de um transplante é o método intervivos. Neste ano no HSVP aconteceram dois transplantes intervivos. Um deles foi o dos irmãos Fabiano da Rosa de 23 anos (doador) e Flávio José da Rosa de 40 anos (receptor). “Depois dos problemas renais, onde realizei por um bom tempo Diálise Peritoneal, entrei para a lista de espera por um transplante. Nela, foram 12 meses aguardando! Então meu irmão, vendo que ainda levaria um tempo indeterminado para eu conseguir o transplante, se prontificou a doar um de seus rins. A compatibilidade foi excelente e no dia 14 deste mês, ocorreu o que eu estava esperando. O transplante foi um sucesso e já estou me sentindo muito bem. Foi um gesto que não há explicação, serei eternamente grato ao meu irmão”, contou Flávio.

Segundo dados do Ministério da Saúde, após entrar para a lista de espera por um transplante, o paciente pode levar até seis anos para conseguir um doador. “Devido a esta demora, o transplante intervivos se tornou mais comum. Ele é feito há muito tempo, desde a década de 50, quando foi realizado em Boston (EUA) e na França. A doação intervivos é permitida por lei entre parentes até o quarto grau e cônjuges; entre não parentes somente com autorização judicial”, ressaltou o médico nefrologista que realizou os últimos dois transplantes intervivos no HSVP, Dr. Alaour Duarte.

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