A alta cotação da soja nos últimos anos transformou a oleaginosa na principal cultura brasileira, com uma área que corresponde a 49% do cultivo de grãos no país. Principal geradora de divisas cambiais com as exportações, a soja brasileira deverá representar 40% do comércio mundial do grão e 73% do óleo de soja até 2019. Este cenário de crescimento traz desafios e oportunidades ao agronegócio soja, temática que vai orientar as discussões no Seminário Técnico, que acontece dia 24 de julho, na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, como parte da programação da 39ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul.
A cotação da soja fechou em R$ 60 a saca no mês de junho, uma valorização de 75% em relação ao ano passado. São estes números que sustentam as projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de que a área plantada com soja deverá crescer 4,8 milhões de hectares nos próximos dez anos. As tendências para o mercado de soja são tema da palestra com o analista da Safras&Mercado, Flávio Roberto de França Junior.
Além do mercado internacional, a produção deverá atender ao consumo crescente de alimentos à base de soja, na demanda por produtos diferenciados que adicionem diversidade à dieta dos brasileiros. Segundo a Embrapa, o aumento no nível educacional e consequente maior poder aquisitivo da população vai aumentar a demanda por alimentos protéicos e produtos de melhor qualidade.
“O consumo de alimentos de soja popularizou-se nos anos 90, com a divulgação de resultados científicos sobre os efeitos da soja na saúde humana. A limitação no uso da soja era o sabor ruim, resultado das enzimas lipoxigenases que compõem o grão. O problema foi resolvido pela pesquisa, que desenvolveu cultivares de soja com melhor sabor, facilitando o processamento e a obtenção de produto de menor custo”, avalia a pesquisadora da Embrapa Trigo, Mercedes Carrão Panizzi. Os produtos de soja mais populares no mercado brasileiro são as bebidas, como leite e sucos, mas já podem ser encontrados pães, salgadinhos, massas, além de produtos congelados na linha "diet", por não apresentar colesterol. A tendência agora é o consumo de grãos in natura, como a soja hortaliça.
O aumento da produção e o crescimento de novos nichos de mercado exige maior controle em todas as etapas do complexo agroindustrial da soja. Um dos cuidados é com o tratamento das sementes, tecnologia utilizada em 95% da área plantada. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Ademir Assis Henning, com a valorização da soja, o produtor tem exagerado na diversidade de defensivos colocados na semente: “São fungicidas, inseticidas, nematicidas, enraizadores, micronutrientes, inoculantes e tantas misturas que podem exceder o volume da calda e afetar a germinação da semente”, alerta Henning, explicando que o fundamental é fazer o tratamento inteligente, utilizando sempre o fungicida de contato mais o fungicida sistêmico para proteger a semente no solo e evitar a introdução de novos fungos, além de considerar o histórico da área.
Outro problema que tem sido levantado no agronegócio da soja é o descarte de sementes tratadas e as restrições para evitar que chegue ao mercado consumidor de grãos. “Muitas cooperativas já entregam as sementes tratadas, prontas para o produtor, com a recomendação de descartar, através do aterramento, as sobras. Como não há controle por parte do vendedor, o risco é que a semente acabe armazenada e comercializada mais tarde junto com a safra de grãos ou utilizada para ração ainda com resíduos químicos”, explica Ademir Assis Henning.
A programação completa da 39ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul e Seminário Técnico de Soja está disponível no site da Embrapa Trigo.
Especialistas discutirão tendências e desafios da soja
· 2 min de leitura