No Rio Grande do Sul, cerca de 300 mil crianças não têm aulas de educação física com um profissional habilitado. O dado foi apresentado na última sexta-feira pelo presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul (CREF2/RS) Eduardo Merino. Ele proferiu aula magna da terceira edição do curso de especialização em Educação Física Escolar promovido pela Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo (Feff/UPF).
De acordo com Merino, dados do IBGE apontam para o aumento da obesidade e do sedentarismo infantil, além da maior incidência de doenças características de adultos em crianças ocasionadas pela falta de atividade física. “Sobra para a escola atender essa demanda. É claro que o profissional de educação física não vai dar conta de atender isso sozinho, é uma questão interdisciplinar, mas a educação física tem que estar junto para tratar disso desde a parte prática para movimentar as crianças, quanto para a educação para a saúde e formar eles no sentido de serem praticantes de atividades físicas ao longo da vida”, apontou.
Segundo ele, alguns projetos de lei tramitam na Assembleia Legislativa para garantir que essas crianças tenham aulas de educação física com um profissional capacitado. “Dos três aos nove anos é o melhor momento para uma criança aprender práticas esportivas. Se a criança passar por essa idade e não tiver esse contato, ela vai estar com esse aspecto da educação comprometido. Isso é uma questão de exclusão social também”, justificou. Ele também apontou um estudo realizado na UNISC que comparou o desenvolvimento de crianças que tinham atividades físicas com professor especializado com as que eram alunos da unidoscência. “No final, o resultado dos que tinham aulas com professor especializado foi superior na parte física e psicomotora, e também no desempenho das outras disciplinas porque a educação física influencia também no raciocínio”, pontuou.
Terceira edição
A terceira edição da especialização em Educação Física Escolar conta com uma turma de 19 estudantes. De acordo com a coordenadora Marilise Brockstedt Lech, o curso tem entre seus princípios defender a proposta de que as crianças precisam aprender ainda na idade escolar a ter cuidados essenciais com a saúde. Além disso, se preocupa com a questão de inclusão de alunos com algum tipo de deficiência. “Defendemos a necessidade de ampliar para além do esporte, e a inclusão de atividades rítmicas, as ginásticas em geral, porque ainda existe a cultura de que a educação física é só bola e queremos mostrar que a educação física é muito mais do que isso. Ela tem uma diversidade de culturas corporais para serem trabalhadas”, finaliza. A preocupação com a produção e publicação científicas está entre as prioridades do curso para difundir o conhecimento gerado.