O adeus do casarão verde

Residência de madeira situada na rua Capitão Eleutério é o único exemplar remanescente no gênero e está sendo demolido

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Construída no início do século XX, a velha edificação de madeira irrompe singular em meio ao concreto que ladeia o asfalto da rua Capitão Eleutério, na quadra entre a General Osório e a General Canabarro. A residência é uma das raras em madeira que ainda restam do próspero período da história do município impulsionado pela estrada de ferro. As informações são fruto de um estudo da arquiteta e professora universitária especializada em patrimônio histórico, Ana Paula Wickert. “A gente acredita que ela tenha sido construída no início do século XX porque aquela região começou a se desenvolver após a implantação da ferrovia. Ali havia vários edifícios de hotéis como o Glória e o Nacional, e esta casa está implantada muito próxima a esta área de expansão que aconteceu após a instalação da ferrovia, que se firmou ali em 1898”, relata. 


O casarão verde que graças a madeira nobre com que foi construído, resistiu a aproximadamente um século, está prestes a se tornar apenas uma lembrança. Como tantas outras antigas edificações, de maior ou menor relevância histórica, que sumiram da paisagem urbana do município, a casa deve dar espaço a um novo empreendimento imobiliário.  A demolição já começou. A cobertura de telhas de barro e o sótão foram ao chão. A maioria das aberturas também. 

“É uma edificação de grande porte, em madeira, com porão e sótão e é o único exemplar remanescente neste estilo e linguagem”, conta a pesquisadora. Ana Paula também esclarece sobre a provável origem dos proprietários. “A chamam de casa italiana, mas seria a casa de algum migrante interno porque nós não temos imigrantes diretos de italianos em Passo Fundo, o que temos são migrantes que, por exemplo, vieram da região da Serra”, explica. Para a especialista, a arquitetura remete a época em que a região vivia um grande desenvolvimento da indústria madeireira. O fator também explica a durabilidade da residência que teria sido feita com madeiras nobres, a exemplo da araucária. “Tanto que a nossa estação ferroviária tem duas ampliações que datam de 1920 e foram feitas em madeira, porque a Gare originalmente tinha um edifício de alvenaria”. Embora as madeiras nobres fossem abundantes na região, a cidade não teve um número expressivo de edificações com esta matéria-prima que era especialmente destinada à venda em outros locais.

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