Professores têm aula sobre plantas medicinais

Dia de Campo realizado pela Emater Regional de Passo Fundo e 7ªCRE apresentou trabalho de cultivo de plantas bioativas desenvolvido em Mato Castelhano

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Professores têm aula sobre plantas medicinais
Dia de Campo realizado pela Emater Regional de Passo Fundo e 7ªCRE apresentou trabalho de cultivo de plantas bioativas desenvolvido em Mato Castelhano 
Leonardo Andreoli/ON
Uma atividade iniciada em 2007 para resgatar e identificar ervas medicinais, aromáticas e condimentares utilizadas na cultura popular em Mato Castelhano resultou na criação de um horto educativo. Construído dentro da área da Floresta Nacional de Passo Fundo (Flona) o espaço reúne cerca de 120 tipos de ervas com propriedades medicinais identificadas. Além de manter as espécies o espaço é utilizado para atividades educativas. Na última semana a Emater Regional de Passo Fundo realizou um dia de campo com mais de 150 professores da rede estadual de educação. Além de conhecer o trabalho desenvolvido, eles poderão disseminar pela região a importância de preservar a cultura popular do uso de ervas medicinais.
O projeto é desenvolvido em parceria entre a Emater, um grupo da terceira idade, Prefeitura de Mato Castelhano, Instituto Chico Mendes, Embrapa Florestas por meio do projeto ConservaBio e URI. As plantas bioativas cultivadas no horto são de espécies medicinais, condimentares, aromáticas e tóxicas, todas nativas da região. De acordo com a extensionista da Emater Salete Cavanus Fontana as mulheres da terceira idade fizeram um amplo trabalho de resgate das espécies utilizadas na cultura popular para serem implantadas no horto.
Das 120 espécies catalogadas até agora, algumas são raras como o rui barbo. De acordo com Maria Luiza Loss, que participa do grupo da terceira idade, a espécie é utilizada para problemas do sistema digestivo. “É importante o resgate das plantas e desse conhecimento para que possamos passar para as outras pessoas”, opina. O envolvimento e a troca de experiência com outros hortos de ervas medicinais foram fundamentais para o sucesso do trabalho. Às terças-feiras o grupo da terceira idade e as extensionistas da Emater se reúnem para fazer a manutenção do horto que conta também com um repositório de mudas que podem ser disponibilizadas ás pessoas.
Muitas receitas
As ervas não são utilizadas apenas em chás. O trabalho inclui o desenvolvimento de uma série de receitas que exploram as características de cada planta. Nos encontros das terças-feiras são ensinadas receitas de balas, sal temperado, detergentes, sabão e pomadas. Além disso, oficinas ensinam como extrair e utilizar a polpa de frutas silvestres. 
Para armazenar
A extensionista da Emater Odete Finck explica algumas técnicas básicas para colher e armazenar as ervas bioativas. A regra básica para a colheita é que ela seja feita em dia seco. Além disso, dependendo do tipo de princípio ativo elas devem respeitar horários para aproveitar a maior concentração de determinadas substâncias. Aquelas com cheiro como manjericão e manjerona devem ser colhidas de manhã para manterem essas características. Já a babosa, por exemplo, deve ser colhida à tarde.
A secagem deve ser feita sempre à sombra, em local ventilado e com temperatura máxima de 35ºC. O armazenamento preferencialmente em embalagens de papel.
A índia das 200 ervas
Entre as oficinas realizadas no dia de campo uma foi ministrada por uma índia caingangue de Nonoai. Geci Fidelis atua como educadora na aldeia indígena onde mora. Ela iniciou um trabalho de resgate da cultura caingangue para identificar espécies da flora com propriedades medicinais utilizadas pelos antepassados. A tradição estava se perdendo com o tempo e principalmente devido a inserção da medicina tradicional na aldeia. Ela já identificou mais de 200 e ainda há mais a serem catalogadas. Da mata ela retira remédio para depressão, cicatrizar ferimentos, dor de ouvido, anemia, impotência sexual, entre muitas outras. “A partir desse resgate eu faço o relato para as crianças para que elas possam lembrar da cultura indígena que ainda existe, mas é muito deixada de lado”, justifica sobre o trabalho realizado.
ConservaBio
Um trabalho realizado pelo Instituto Chico Mendes, Emater, Embrapa Florestas e URI tem proporcionado o resgate etnicobotânico das espécies nativas e permitido o uso sustentável delas. A identificação e escolhas das espécies mais importantes foram feitas em parceria com as comunidades que escolheram as espécies mais utilizadas. Com isso, é possível identificar matrizes para a colheita de sementes e a reprodução de mudas de espinheira santa, jabuticaba e guabiroba foram as primeiras a serem trabalhadas.
Pinhão
O trabalho realizado nas florestas nacionais de Passo Fundo, Paraná e Santa Catarina também inclui a identificação do valor nutricional de algumas espécies, como é o caso do pinhão. Rico em calorias e fibras fazem dele um alimento que pode auxiliar no aporte calórico de algumas dietas e prevenir doenças intestinais. Também é composto por vários minerais como cobre, zinco, manganês, ferro, magnésio, cálcio, fósforo, enxofre e sódio, com destaque para o fornecimento de potássio que ajuda a regular a pressão arterial. Na semente ainda são encontrados ômega 6 e ômega 9 que contribuem para a redução do colesterol.
Para a sala de aula
O professor Jaimir Zamarchi é responsável por algumas atividades extracurriculares na escola estadual Wolmar Antônio Salton, no Bairro Bom Jesus, em Passo Fundo. Ele já trabalha com a orientação sobre o uso e cultivo de plantas medicinais na escola. “Não temos uma área para cultivo, por isso trabalhamos com alternativas como o uso de garrafas PET para o plantio”, conta. A partir das oficinas do dia de campo pretende levar esses novos conhecimentos aos estudantes.
Uma atividade iniciada em 2007 para resgatar e identificar ervas medicinais, aromáticas e condimentares utilizadas na cultura popular em Mato Castelhano resultou na criação de um horto educativo. Construído dentro da área da Floresta Nacional de Passo Fundo (Flona) o espaço reúne cerca de 120 tipos de ervas com propriedades medicinais identificadas. Além de manter as espécies o espaço é utilizado para atividades educativas. Na última semana a Emater Regional de Passo Fundo realizou um dia de campo com mais de 150 professores da rede estadual de educação. Além de conhecer o trabalho desenvolvido, eles poderão disseminar pela região a importância de preservar a cultura popular do uso de ervas medicinais.

O projeto é desenvolvido em parceria entre a Emater, um grupo da terceira idade, Prefeitura de Mato Castelhano, Instituto Chico Mendes, Embrapa Florestas por meio do projeto ConservaBio e URI. As plantas bioativas cultivadas no horto são de espécies medicinais, condimentares, aromáticas e tóxicas, todas nativas da região. De acordo com a extensionista da Emater Salete Cavanus Fontana as mulheres da terceira idade fizeram um amplo trabalho de resgate das espécies utilizadas na cultura popular para serem implantadas no horto.

Das 120 espécies catalogadas até agora, algumas são raras como o rui barbo. De acordo com Maria Luiza Loss, que participa do grupo da terceira idade, a espécie é utilizada para problemas do sistema digestivo. “É importante o resgate das plantas e desse conhecimento para que possamos passar para as outras pessoas”, opina. O envolvimento e a troca de experiência com outros hortos de ervas medicinais foram fundamentais para o sucesso do trabalho. Às terças-feiras o grupo da terceira idade e as extensionistas da Emater se reúnem para fazer a manutenção do horto que conta também com um repositório de mudas que podem ser disponibilizadas ás pessoas.
Muitas receitasAs ervas não são utilizadas apenas em chás. O trabalho inclui o desenvolvimento de uma série de receitas que exploram as características de cada planta. Nos encontros das terças-feiras são ensinadas receitas de balas, sal temperado, detergentes, sabão e pomadas. Além disso, oficinas ensinam como extrair e utilizar a polpa de frutas silvestres. 

Para armazenar

A extensionista da Emater Odete Finck explica algumas técnicas básicas para colher e armazenar as ervas bioativas. A regra básica para a colheita é que ela seja feita em dia seco. Além disso, dependendo do tipo de princípio ativo elas devem respeitar horários para aproveitar a maior concentração de determinadas substâncias. Aquelas com cheiro como manjericão e manjerona devem ser colhidas de manhã para manterem essas características. Já a babosa, por exemplo, deve ser colhida à tarde.A secagem deve ser feita sempre à sombra, em local ventilado e com temperatura máxima de 35ºC. O armazenamento preferencialmente em embalagens de papel.

A índia das 200 ervasEntre as oficinas realizadas no dia de campo uma foi ministrada por uma índia caingangue de Nonoai. Geci Fidelis atua como educadora na aldeia indígena onde mora. Ela iniciou um trabalho de resgate da cultura caingangue para identificar espécies da flora com propriedades medicinais utilizadas pelos antepassados. A tradição estava se perdendo com o tempo e principalmente devido a inserção da medicina tradicional na aldeia. Ela já identificou mais de 200 e ainda há mais a serem catalogadas. Da mata ela retira remédio para depressão, cicatrizar ferimentos, dor de ouvido, anemia, impotência sexual, entre muitas outras. “A partir desse resgate eu faço o relato para as crianças para que elas possam lembrar da cultura indígena que ainda existe, mas é muito deixada de lado”, justifica sobre o trabalho realizado.

ConservaBio

Um trabalho realizado pelo Instituto Chico Mendes, Emater, Embrapa Florestas e URI tem proporcionado o resgate etnicobotânico das espécies nativas e permitido o uso sustentável delas. A identificação e escolhas das espécies mais importantes foram feitas em parceria com as comunidades que escolheram as espécies mais utilizadas. Com isso, é possível identificar matrizes para a colheita de sementes e a reprodução de mudas de espinheira santa, jabuticaba e guabiroba foram as primeiras a serem trabalhadas.

PinhãoO trabalho realizado nas florestas nacionais de Passo Fundo, Paraná e Santa Catarina também inclui a identificação do valor nutricional de algumas espécies, como é o caso do pinhão. Rico em calorias e fibras fazem dele um alimento que pode auxiliar no aporte calórico de algumas dietas e prevenir doenças intestinais. Também é composto por vários minerais como cobre, zinco, manganês, ferro, magnésio, cálcio, fósforo, enxofre e sódio, com destaque para o fornecimento de potássio que ajuda a regular a pressão arterial. Na semente ainda são encontrados ômega 6 e ômega 9 que contribuem para a redução do colesterol.

Para a sala de aulaO professor Jaimir Zamarchi é responsável por algumas atividades extracurriculares na escola estadual Wolmar Antônio Salton, no Bairro Bom Jesus, em Passo Fundo. Ele já trabalha com a orientação sobre o uso e cultivo de plantas medicinais na escola. “Não temos uma área para cultivo, por isso trabalhamos com alternativas como o uso de garrafas PET para o plantio”, conta. A partir das oficinas do dia de campo pretende levar esses novos conhecimentos aos estudantes.

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