Uma nova oportunidade era tudo que o motorista Sajele Rodrigue Louiceus, de 34 anos, esperava para se reerguer. Morador de Artibonite, região do Haiti que foi devastada pelo terremoto do dia 12 de janeiro de 2010, Rodrigue é um dos 1,5 milhão de habitantes que ficou desabrigado e desempregado depois de ver a casa onde morava e o seu pequeno mercado, que gerava o sustento para a sua família, ruir em consequência do tremor. Sem renda para sustentar os dois filhos e a esposa, Rodrigue pediu um empréstimo no banco e comprou um táxi. Mas, o novo trabalho também não deu certo, já que a população local – que já vivia abaixo da miséria antes da tragédia – não podia se dar ao luxo de andar de táxi, quando não havia nem o que comer. “O táxi não dava dinheiro nem para pagar a gasolina, muito menos para pagar o aluguel”, contou. Depois disso, o haitiano ainda tentou trabalhar na República Dominicana, mas com o salário baixo demais para manter a família ainda no Haiti, decidiu se desfazer do carro e comprar uma passagem para o Brasil, quando se juntou com milhares de refugiados haitianos na mesma situação.
Mas há pouco mais de um mês, a história desse haitiano começou a mudar quando foi contratado, ainda em Manaus (AM), como auxiliar de produção da Metasa, indústria ligada ao ramo da metalurgia localizada na cidade de Marau - cidade que fica a, pelo menos, seis mil quilômetros de distância da sua terra natal.
A opção por contratar haitianos na fábrica de Marau surgiu como solução para a escassez de mão de obra no setor de metalurgia na região, que na época não encontrava candidatos para cerca de 50 vagas abertas na unidade. Mas, segundo o presidente do Conselho de Administração da Metasa, Antônio Roso, a ideia de buscar estes trabalhadores também foi motivada pela questão social. “Este povo sofreu muito com a tragédia do terremoto. Eles têm a esperança de uma vida nova e a sociedade precisa ajudá-los”, disse Roso.
Para contratar os haitianos, a Metasa entrou em contato com a paróquia de São Geraldo em Manaus, onde trabalham dois gaúchos, padre Gelmino Costa e da irmã Santina Perin. A paróquia, segundo Roso, é o ponto de refúgio dos haitianos que chegam a Manaus. Todos os imigrantes que entram legalmente pela capital recebem a devida documentação, por parte do Ministério do Trabalho. “Eles recebem vistos humanitários, documento que lhes possibilita oportunidades de emprego e estudo, e também são cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressaltou. Nessa paróquia, os trabalhadores passaram por uma seleção e na primeira triagem, realizada em março, a empresa contratou 13 homens. Depois da primeira experiência, outros 20 foram selecionados no mês de junho. Hoje, os haitianos não chegam a 0,5% dos atuais 900 funcionários da empresa, que possui escritórios em São Paulo e Porto Alegre e fábricas em Marau e Santo André (SP).
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