Agosto está sendo o mais quente dos últimos 32 anos

Comuns durante a primavera, alergias chegaram mais cedo este ano. Calor do mês de agosto e baixa umidade relativa do ar podem estar entre as causas

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Coceira nos olhos e no nariz, dificuldade para respirar, sensação de secura dentro das narinas e vermelhidão nos olhos estão entre os sintomas das famosas alergias. Mais comuns durante a primavera, as alergias chegaram mais cedo este ano e uma das causas apontadas para isso tem sido o comportamento do clima. Isso, porque o calor atípico para o mês de agosto antecipou a floração de algumas árvores e, com isso, a circulação do pólen está mais presente, o que causa alergia. Além disso, os fortes ventos da última semana favoreceram que o pólen se espalhasse. Essa situação se soma ainda à baixa umidade relativa do ar, que tem ficado abaixo dos 50% na região, tornando a situação bastante propícia para atingir quem é alérgico.

A notícia ruim é que o clima deve permanecer assim até o final do mês, de acordo com as informações do observador meteorológico Ivegndonei Sampaio, da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet. As chuvas, que foram poucas até agora, cerca de 10 milímetros, não estão sendo suficientes para “limpar” a atmosfera. Embora na região Sul do Estado elas cheguem com força e causem até temporais, quando se deslocam para a região Norte perdem força e acabam sendo esparsas.

Desde o dia 12 de agosto, os ventos em Passo Fundo estão entre as categorias de ventania e vento forte, com velocidade de até 55 km/h. “Há pelo menos oito dias os ventos estão assim e vem ocorrendo sempre de madrugada e no início da manhã”, destaca. Além disso, como são ventos quadrante Norte, “empurram” para o Sul do país a baixa umidade relativa do ar e o ar seco e quente que estão ocorrendo na região Centro-Oeste. “Esse ar seco está dominando. Podemos até dizer que a nossa região está numa ‘bolha’ de ar seca e quente”, explica.

Pouca chuva

Até ontem a chuva no mês de agosto ficou em 10 milímetros, o que representa apenas 5,3% da média que é de 187,8 milímetros. O dia em que ocorreu a maior quantidade de chuva registrada pela Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet foi 13 agosto, com 7,4 milímetros.

As frentes frias que vêm do Sul e do Oeste do Estado não têm força para romper a massa de ar quente, o que também colabora para que a umidade relativa do ar fique abaixo da média para a região. Normalmente, nesta época do ano, a umidade costuma ficar em mais de 70%. “Nos últimos dias ficou abaixo de 50%. Hoje (segunda-feira) à tarde ficou em 46%”, destaca Sampaio.

Assim, como a chuva não está aparecendo para limpar a atmosfera, as substâncias que causam alergia ficam mais tempo na superfície. Somado a isso está o calor atípico que “acelerou o crescimento e a floração de algumas espécies, como os pessegueiros, laranjeiras e ipês, que costumam começar a florir somente no início do mês de setembro”, ressalta o observador. O resultado: mais pólen no ar.

Previsão

O aumento da nebulosidade que já foi verificado na tarde de ontem (20), se intensifica hoje, deixando o céu de nublado a encoberto com a possibilidade de chuva. As precipitações, se acontecerem, devem ser esparsas, de pouca quantidade e rápida passagem. A temperatura hoje se mantém entre a mínima de 14ºC e a máxima de 24ºC.

Para a quarta-feira (22), a previsão é de céu claro a parcialmente nublado. A mesma situação deve se repetir na quinta e na sexta-feira. “Esta semana as temperaturas devem se manter como na semana passada, ficando acima da média para o mês de agosto”, comenta. E se essa previsão se confirmar até o final do mês, este será o agosto mais quente dos últimos 32 anos. Isso, porque a média normal de temperatura de 13,1ºC ficou em 17,2ºC este ano.

Entretanto, segundo Sampaio os meteorologistas não descartam a formação de massas de ar polar até o início de setembro, o que pode deixar a temperatura mínima ainda por volta de 6ºC.

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