Um espaço próprio para a realização de reuniões e encontros com a comunidade é uma das principais necessidades das associações de moradores. Das 90 associações existentes no município, apenas nove possuem sede. Outras 20 têm áreas disponíveis para construção. A principal dificuldade, além de conseguir um terreno, é a falta de verba para a construção. Muitas das associações utilizam o orçamento cidadão ou doações da comunidade para construir este sonho.
A luta por um espaço
Uma sede é importante para realização das reuniões da associação e para realização de encontros com a comunidade. “Somos uma ponte entre os moradores e o poder público. Temos uma grande importância, mas não somos valorizados. Precisamos de uma sede para promover palestras de prevenção e cursos de artesanato para gerar benefícios para a comunidade”, enfatizou a presidente do bairro Petrópolis I, Grace Serafini
Dezenas de associações buscam um espaço para a construção de sua sede. “As associações não recebem verbas e nenhum tipo de incentivo do poder público. Todas as idas e vindas e documentos necessários são pagos com recursos próprios dos integrantes das associações ou através de ajuda de empresas”, desabafou a presidente do bairro Petrópolis.
O presidente da Petrópolis II, João Luiz Grando, reforça a necessidade de um local para as associações. “Para fazer nossos encontros temos que ficar dependendo da estrutura de outras instituições que nem sempre tem condições de emprestar um local. Queremos um espaço para planejar e promover uma melhor qualidade de vida dos moradores”, reforçou Grando.
A reivindicação da associação de moradores da Petrópolis não é única. A associação dos moradores do Parque do Sol também frisou a falta que faz uma sede. Os encontros são realizados na casa dos próprios integrantes, nas escolas ou espaços públicos. “Nós temos área, mas não temos dinheiro para construir a sede. É preciso material de construção e mão de obra. Isto tudo custa dinheiro”, frisou o vice-presidente da associação do Parque do Sol, Mário Amaral da Silva.
A situação também se repete do bairro Lucas Araújo. A diferença é que a associação está buscando recursos através de uma emenda parlamentar. “Sentimos falta de um espaço próprio. Também temos a área, mas estamos aguardando recursos de uma emenda parlamentar para construir nossa sede, juntamente com o Dati”, explicou o presidente da associação dos moradores da Lucas Araújo, Clédio Patias.
Importância de uma sede
O vice-presidente da União das Associações de Moradores de Passo Fundo (Uampaf), Marcos Tumelero, disse que a sede de uma associação de moradores é útil para reunir a comunidade, promover as reuniões da diretoria, realizar cursos, fazer campanhas de prevenção e também para guardar os documentos das associações. “As associações não recebem verbas e com certeza merecem mais atenção. A maioria das sedes é construída através do orçamento cidadão. 70% das demandas do orçamento de 2007, 2008 e 2009 estão sendo cumpridas”, disse Tumelero.
Terreno gera polêmica na Petrópolis
Este assunto também gera conflitos em alguns bairros. No bairro Petrópolis, por exemplo, há algumas divergências sobre um terreno na Avenida Brasil. Parte dos moradores não admite que o município conceda a doação da área para o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Já a presidência da associação garante que será um bom negócio, porque o órgão disponibilizará um espaço para que a associação crie sua sede.
O terreno de 750 m² está localizado entre o Cais e o Corpo de Bombeiros. Em 2009, o município concedeu a área para o Sinduscon. Em fevereiro de 2011, o Sinduscon devolveu o terreno. Agora, o município está doando a área para o Creci. Uma das condições interposta pelo município para ceder o espaço é que o Creci disponibilize uma sala para a associação de moradores da Petrópolis montar a sua sede. O assunto foi pauta de audiência pública no dia 11 de janeiro de 2012 e o acordo está em ata. O projeto está tramitando pela Câmara de Vereadores e ainda precisa ser aprovado pelo Legislativo.
O ex-presidente e atual segundo secretário da associação de moradores da Petrópolis, Lauro Ribeiro, disse que o terreno deve ser utilizado para ampliação do Cais da Petrópolis. Ele chegou a colocar uma placa no local dizendo que o terreno é da comunidade. Ribeiro realizou um abaixo-assinado e coletou 2.329 assinaturas para sensibilizar o prefeito a retirar a proposição que tramita na Câmara de Vereadores para doação da área ao Creci. “Somos contra esta proposta. A comunidade não foi comunicada dessa audiência. Nós queremos que o Cais da Petrópolis seja ampliado para atender a demanda. O prefeito ignorou o nosso abaixo-assinado”, disse Ribeiro.
No entanto, os presidentes das associações de moradores da Petrópolis I, Grace Serafini e da Petrópolis II, João Luiz Grando, baseado em documentos, afirmam que o assunto já foi discutido em audiência e será um bom negócio para a comunidade. Grace reforça que este abaixo-assinado não foi iniciativa da associação. “A associação de moradores é favorável ao acordo feito com o Creci. Outro terreno foi doado pela prefeitura para a associação, mas ele é destinado unicamente para esporte e lazer. Não temos outra opção de espaço para a nossa sede e a mais viável até agora é o acordo com o Creci”, frisou Grace.
Grace disse que a Secretaria de Saúde informou que não há intenção de ampliar o Cais da Petrópolis e sim de construir novas unidades de saúde nos bairros.
A delegada do Creci, Moema Rosa de Souza, explicou que a ideia é construir no local a sede do Creci destinada aos corretores de imóveis com salas para cursos e eventos e garantiu que será disponibilizado para a associação um espaço para ela realizar as suas atividades. “A proposta não é apenas beneficiar os corretores, mas também a comunidade”, explicou Moema.
Em busca de uma sede
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