Depois da morte do comediante Bussunda, a turma do Casseta e Planeta perdeu o viço. Suas tiradas hilárias foram substituídas pelas performances dos candidatos a cargos públicos. Os postulantes exibem, para gáudio da galera, traços pândegos que constrangedoramente substituíram os velhos comediantes como os citados e Chico Anysio. Certa feita, perguntaram a Jô Soares sobre quem estava fazendo humor no país. Sua resposta foi lógica: “além de eu e Chico Anysio somente alguns políticos”. O que traz frouxos de risos ao mesmo tempo constrange o cidadão. Não há preparo, não há seletividade (tema abordado nesta semana pela genial Miryê Tedesco) e qualquer um pode se candidatar a qualquer coisa. Estranho, não é, para ser carteiro é necessário um mundão de prerrogativas e para ser presidente do país pode ser qualquer pessoa, mesmo que não tenha prerrogativas?
Além do desencanto pelas opções oferecidas, o cidadão fica constrangido pelo nível dos debates. Não queremos saber de querelas, de alfinetadas, de provocações, de frases de impacto. Queremos saber dos planos que mudarão a nossa cidade para ser aquilo que sonhamos todos, da situação e da oposição. Queremos soluções para o abandono de nossas praças públicas como a da Cohab II, por exemplo. Queremos banheiros públicos decentes e bancos adequados em nossas praças. Queremos cuidado com os canteiros da Avenida Brasil, cartão de apresentação da cidade. Queremos paisagismo e espaço de lazer para a grande Avenida Rui Barbosa. Queremos usar o Ginásio Teixeirinha para o que foi gasto e projetado. Queremos solução aprazível para o Campo de Futebol Delmar Sittoni e para pista de esportes do quartel do Exército, ou que removam a placa que anuncia um investimento federal de R 106 mil e que lá está há mais de dois anos sem que o mesmo seja percebido pelos usuários. Queremos pelo menos uma pintura no prédio tombado do Exército.
Queremos pista para ciclovias neste momento que em que se entende que há carros demais circulando pela cidade. Queremos a prometida área de lazer na baixada do Bairro Vergueiro. Queremos soluções e não suportamos ironias porque a vida do cidadão merece mais do que esta odiosa prática. Os políticos que, por ora, vicejam na situação costumam dizer que o cidadão comum somente critica o que deixou de ser feito e que não enxerga as realizações da administração. Bobagem, o que o cidadão enxerga, com muita clareza, é o assalto ao seu bolso feito pelas três esferas governamentais sem a contrapartida devida.
A gente critica e elogia, mas os governantes somente consideram e desdenham as críticas. A rádio que criticava, nas pessoas de Daltro Wesp, Elmar Floss, José Osmar Teixeira, Claudio Della Méa, Emery Tonial, Marcos Susin e eu, substituiu a programação por um espaço mais lúdico e popular. Deve ser bom ser governante em uma cidade em que não há veículo de rádio que faça críticas. Céu de brigadeiro, por enquanto. O cidadão que critica é o que paga as contas. E já que a gente paga as contas é bom que se diga desde já para o futuro prefeito, seja René, seja Luciano, seja Osvaldo ou outra consideração que estamos de olho, mesmo com os desencantos das performances midiáticas exibidas até o momento.
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