Os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná iniciaram nesta semana uma corrida para convencer o governo federal a incluir no Programa de Investimento em Logística o traçado original da ferrovia Norte-Sul pelas regiões produtivas dos Estados.
Na última terça-feira (28), o secretário de Infraestrutura e Logística do RS, Beto Albuquerque, acompanhado pelos titulares das respectivas pastas dos Estados de Santa Catarina, Valdir Cobalchini, e do Paraná, José Richa Filho estiveram em Brasília reunidos com o presidente Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo.
A reunião foi uma tentativa para reverter o projeto apresentado pelo governo federal no último dia 15 de agosto, que excluiu o traçado pelas regiões produtivas dos Estados do Sul, projetada a partir de Panorama (SP), cruzando o Paraná pela região de Maringá e Campo Mourão, seguindo em Santa Catarina por Chapecó, e no Rio Grande do Sul por Passo Fundo, Pelotas e Rio Grande, totalizando 1,6 mil quilômetros de extensão.
Na reunião em Brasília, os representantes estaduais encaminharam a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) uma solicitação para que a Ferrovia Norte-Sul seja incluída no mesmo pacote de investimentos em ferrovias no Brasil anunciado pela presidente Dilma Rousseff. "É fundamental retomarmos o traçado anterior, no qual priorizamos a interiorização da ferrovia. Não podemos deixar os centros produtivos longe dos trilhos", disse Beto ao destacar que o trajeto inicial reduz em R$ 500 milhões os custos logísticos. O presidente da EPL assegurou à comitiva que a Ferrovia Norte-Sul não foi descartada pelo Governo Federal e que, no dia 5 de setembro, serão abertas as propostas das empresas que participam da licitação para realizar os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental da Ferrovia. "Volto mais tranquilo porque a União afirma não ter desistido da Norte-Sul e que dará prioridade ao estudo", afirmou o titular da Seinfra.
Na avaliação de Beto Albuquerque, o projeto apresentado prioriza o traçado litorâneo, o qual não contempla regiões produtivas. "Este projeto irá revitalizar as ferrovias, o que é muito bom, mas não podemos ficar presos às ferrovias litorâneas e longe dos nossos centros produtivos. Além disso, este traçado pode levar cargas para outros portos", afirmou o secretário.
Frente Parlamentar
Na quarta-feira (29), a Frente Parlamentar em Defesa da Ferrovia Norte-Sul para o interior do estado se reuniu no estande da Casa da Assembleia, dentro da Expointer, em Esteio. Presente na reunião, o secretário de desenvolvimento de Passo Fundo, Marcos Cittolin, disse que iniciativa da Assembleia Legislativa já avançou muito nos últimos meses, provando, através de estudos e da conclusão do novo projeto, que o interior do Rio Grande do Sul necessita ter um traçado da ferrovia mais importante do país. Conforme o secretário, a região Norte, por exemplo, é trajeto de 63% da carga de todo o Estado, e por isso, precisa ser beneficiada com mais esta estratégia de logística, pois, somente em Passo Fundo, a demanda já superou as expectativas do desenvolvimento da região, levando alimento, biodiesel e muitos produtos de metal-mecânica para todo o país. Ele ainda apresentou dados da logística do estado, objetivando mostrar também a necessidade de fazer o transporte de cargas em contêineres, que são maiores e abastecem com mais agilidade os estados consumidores.
Conheça o projeto do governo federal
A Ferrovia Norte-Sul foi inserida no Programa de Investimentos em Logística pelo Governo Federal no dia 15 de agosto. O programa, que prevê investimentos de R$ 133 bilhões na modernização e ampliação da malha rodoviária e ferroviária do país, prevê a concessão para a iniciativa privada de vários trechos ferroviários que ainda estavam em estudo e em fase de elaboração de projetos, como o prolongamento sul da Ferrovia Norte-Sul que, partindo de Estrela D´Oeste (SP), passará por Panorama, ainda em São Paulo, seguirá na direção Oeste até Dourados e Maracaju, rumando de lá na direção sul até Cascavel (PR). De Cascavel, a ferrovia rumará para o Leste do Estado, passando por Guarapuava e Ponta Grossa. De lá, a ferrovia parte na direção sul, passando por Mafra (SC), até chegar ao porto de Rio Grande (RS). Nessa parceria público-privada, o governo federal será responsável pela contratação da construção, da manutenção e da operação da ferrovia.
Sul quer traçado pelas regiões produtivas
· 3 min de leitura