Patrimônio ferroviário de Passo Fundo é tema de estudo na UPF

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Uma parte importante do patrimônio histórico de Passo Fundo foi perdida no decorrer dos anos sem que a sociedade se desse conta deste processo. Algumas edificações que contam a história e a evolução da arquitetura no município ainda correm risco de serem demolidas para darem lugar a prédios modernos. O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Passo Fundo (UPF) está desenvolvendo um trabalho que pretende identificar e mostrar à comunidade porque esses espaços devem ser preservados. Neste semestre, o foco do trabalho é a Casa do Engenheiro Chefe, que faz parte do conjunto do patrimônio ferroviário do município. Além do valor arquitetônico e histórico, a casa possui um patrimônio natural com árvores centenárias.

O trabalho é coordenado pela professora e arquiteta Ana Paula Wickert que é mestre em Conservação e Restauro de Bens Históricos. O estudo busca identificar, levantar e analisar a arquitetura produzida pelos belgas no ambiente ferroviário de Passo Fundo, e demais edificações do fenômeno ferroviário. De acordo com a professora as edificações residenciais do entorno do Parque da Gare não são tombadas como patrimônio histórico, e correm o risco de serem demolidas, acarretando a desconfiguração completa do espaço ferroviário e do seu significado.

Atualmente na área ocupada pelos depósitos e oficinas encontra-se o parque da Gare. Ao longo da Avenida Sete de Setembro, podem ser observadas outras edificações de finais do século XIX que avançam na história e remetem ao valor do espaço ferroviário para a cidade. Nos semestres anteriores, os alunos desenvolveram estudos na antiga madeireira, no silo e moinho, Hotel Glória e Hotel Nacional. Neste ano, ao final do levantamento da Casa do Engenheiro, os alunos irão propor um projeto de ocupação para a área, preservando a edificação histórica, o que enfatiza a questão de aliar a preservação ao desenvolvimento social e cultural.

Um pouco de história
Passo Fundo deve à ferrovia o fomento do seu desenvolvimento econômico, social e cultural no início do século XX. A linha férrea chegou à cidade em 1898 proveniente de Santa Maria, em direção à Itararé, São Paulo. As obras ficaram paradas em Passo Fundo por dez anos, porém finalmente em 1910 a cidade e o Estado finalizaram a tão sonhada conexão ferroviária com o centro do país.

A linha férrea, conhecida como Tronco Norte do RS, foi construída por uma empresa belga, a Compagnie Auxiliaire des Chemins du Fér au Brésil, cuja sede estava fixada em Santa Maria. A empresa construía as linhas e as edificações, trazendo uma característica inovadora às edificações, a chamada Arquitetura de Empresa. As edificações de caráter funcional antecipavam a modernidade e eram construídas seguindo indicativos dos tratados de arquitetura provenientes da França.

Passo Fundo possuía uma estação férrea de Segunda Classe e edificações complementares, tais como oficinas, depósito de locomotivas casas de turma e uma residência do engenheiro chefe da estação, além da caixa d’agua e depósitos gerais. O complexo ferroviário de Passo Fundo só era menor que os de Santa Maria e Cruz Alta, onde estavam as estações de primeira classe. “A Gare atraiu para seu entorno novos investimentos, tais como silo, moinho, madeireiras, hotéis, sendo que algumas destas edificações ainda estão preservadas, configurando um corredor histórico e cultural de grande valor para a cidade”, argumenta a professora Ana Paula.

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