Natural é ser diverso

A 1ª Parada da Diversidade faz história ao inserir Passo Fundo oficialmente na luta pelos direitos da população LGBT

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Amanda SchArr/ON

“Ser humano é ser diverso”, a afirmação que ressoou na 1ª Parada da Diversidade de Passo Fundo, com centenas de pessoas reunidas sob o sol escandente de domingo, 02. Gente de todas as idades e orientações sexuais que fizeram parte do momento histórico na luta pelos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no município. A diversidade foi tomando espaço e colorindo o Parque da Gare aos poucos, com a presença de casais homossexuais ou solteiros, famílias convencionais e crianças, todos fizeram parte do ato com o mesmo entusiasmo. Até grupos de outras cidades uniram-se à mobilização. Caxias do Sul, Erechim, Marau, Ernestina e até o Rio de Janeiro estiveram representados.
Embora a alegria do encontro fosse explícita, e muito benvinda, o professor municipal Ronaldo Canabarro, um dos coordenadores do Plural LGBT que organizou o evento, fez questão de esclarecer que a Parada não é uma simples festa, mas sim um ato reivindicatório por direitos. A entidade promoveu a Semana da Diversidade, com palestras, debate e oficinas que colocaram em pauta a saúde, os direitos e a construção da cidadania LGBT. “Esta não é uma festa, a Parada é o ato em que culmina a Semana da Diversidade e proporciona visibilidade, mas várias oficinas foram realizadas durante a semana. Temos hoje a diversão porque queremos mostrar a nossa alegria, não é se escondendo que vamos conseguir alguma coisa”, explica.

As estudantes de Ciências Sociais, Joseane da Silva e Sandra Ferreira são casadas há oito anos. Elas vieram de Erechim e querem levar o exemplo do Plural para a cidade onde moram. “Estamos começando a luta pelos direitos homossexuais e queremos levar essa discussão que está acontecendo aqui para Erechim”, conta Joseane. Embora estejam juntas há bastante tempo e sejam respeitadas, avaliam que ainda falta muito para que a forma como vivem seja vista de modo natural. “As pessoas ainda não nos consideram um casal, existe uma aceitação limitada”, relata Joseane. Entre os objetivos das duas está a conscientização sobre a violência sutil, a que está institucionalizada e passa despercebida até pelos próprios homoafetivos.

O vendedor Adolfo Lucas também quis participar da Parada para fazer parte do momento histórico. Ele tem 18 anos e assumiu-se como homossexual há seis meses. Ainda não conta com a aceitação de toda família, mas está determinado a superar as barreiras. “Quanto mais preconceito houver, mais força eu tenho para seguir em frente. Não me importa, eu quero ser feliz”, garantiu.

Apresentações artísticas de drag queens trouxeram bom humor e irreverência ao encontro que encerrou com uma marcha a partir da Avenida Sete de Setembro. Apoiaram o evento a Secretaria de Desporto e Cultura (Sedec), Sindicato dos Comerciários, Cpers-Sindicato, DCE da Imed, Centro Municipal de Professores (CMP), os diretórios acadêmicos DAALL, DACG e o Movimento Estudantil Nada Será Como Antes. Apesar do apoio da Sedec, que patrocinou a confecção do material de divulgação, nenhuma autoridade municipal esteve presente.

Luta por direitos
O militante do Grupo Desobedeça-GLBT e membro da Comissão de Diversidade Sexual da OAB, Roberto Seitenfus veio de Porto Alegre para trazer o abaixo-assinado pela criação do Estatuto da Diversidade Sexual. A campanha pede a aprovação de um projeto de lei que criminaliza a homofobia e assegura direitos à população LGBT

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