Projeto mais que social

Cerca de 400 crianças estão sendo beneficiadas através de um projeto de esporte desenvolvido pela Associação Passo-Fundense de Esportes Olímpicos. São diversas modalidades esportivas e culturais oferecidas, como artes marciais, aulas de violão, ballet, coral, futebol de salão e voleibol.

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Natália Fávero/ON

Um projeto social desenvolvido nas dependências do Sest/Senat em Passo Fundo está mudando a realidade, a educação e o comportamento de centenas de crianças que moram na região da Donária. A Associação Passo-Fundense de Esportes Olímpicos oferece várias modalidades esportivas e culturais como artes marciais, aulas de violão, ballet, coral, futebol de salão e voleibol. A iniciativa iniciou no ano passado e conta com cerca de 10 professores capacitados. A maioria trabalha de graça em prol dos jovens. Os pais já notam os resultados positivos nos filhos atletas.

O Sest/Senat tornou-se a casa da Associação Passo-Fundense de Esportes Olímpicos. Cerca de 400 crianças e jovens entre 06 e 16 anos participam das modalidades esportivas durante a semana. O projeto está focado principalmente em atender as comunidades dos bairros Donária, Santa Marta e Nossa Senhora Aparecida. A ideia é ampliar a abrangência para outros bairros, mas a dificuldade para transportar as crianças que moram em outros locais ainda é a grande dificuldade. 

O coordenador de Promoção Social do Sest/Senat, Giordani da Rosa Arend, frisou que o esporte ajuda a retirar as crianças da rua, das drogas e da violência. “O esporte é o principal fator para alcançar estes objetivos. O projeto visa trabalhar o lado social, o afeto familiar, a disciplina e a educação. Desejamos que eles se tornem bons cidadãos”, frisou Arend. O Sest/Senat propicia a estrutura através das salas, auditório, ginásio e campo de futebol. No entanto, é importante o apoio de empresas que queiram ajudar o projeto. 

O projeto incentiva as crianças e adolescentes na busca pela realização de seus objetivos na vida. “Nas olimpíadas tivemos vários exemplos de atletas que ganharam medalhas de ouro e são pessoas extremamente humildes. Saíram de uma comunidade carente e conquistaram o ouro. Eles nunca desistiram do sonho deles. O nosso projeto trabalha neste caminho”, declarou Arend. Para participar os responsáveis pelos jovens precisam efetivar um cadastro no Sest/Senat. O projeto também faz o acompanhamento escolar dos participantes. Informações pelo telefone (54) 3317-9633.

Inclusão social

Deividi Gomes, de 17 anos não tem uma das mãos, mas isto não impede que ele seja um dos destaques no esporte do Sest/Senat. O jovem que trabalha como auxiliar de vendas ficou em 1º lugar e ganhou como atleta destaque da Copa RS de Kick-Boxing, na categoria Sub-17, no mês de agosto. Deividi também treina Karatê e Muay Thai durante a semana. A dedicação deste atleta que iniciou o treinamento aos 15 anos é uma forma de superação. “Nunca me rebaixo por não ter uma mão. Através do esporte, as pessoas passam a te olhar com outros olhos e não como um coitadinho. Incentivo a todos que tem alguma deficiência a fazer um esporte. É muito bom para a autoestima”, ressaltou o atleta. O professor de Karatê e Muay Thai, Marcos Antonio Amaro Cavalheiro, incentiva alunos como o Deividi. “Estas pessoas só precisam de uma oportunidade para mostrar o seu talento”, disse o professor.

Talentos

Erick dos Santos Prado, de 11 anos treina futsal toda semana. No ano passado foi destaque em um dos campeonatos. “Quero ser jogador de futebol”, declarou rapidamente o menino. O pai dele, Silvério Miranda do Prado está orgulhoso do filho que melhorou as notas na escola e o comportamento. Além disso, o pai tem mais motivos pra se orgulhar. “Ajudei a construir o Sest/Senat. É um orgulho ver meus filhos desfrutando do espaço que ajudei a levantar”, disse o pedreiro. Outro jogador destaque no grupo é Daniel da Rosa, de 12 anos. Treina futsal há três anos e o projeto rendeu uma bolsa ao garoto em uma escola particular do município. O pai, José Eduvar da Rosa, tem um carinho especial pelo projeto. “Não é porque é meu filho, mas ele é bom. O Sest/Senat foi uma ponte. Não teria condições de pagar uma escola particular”, enfatizou o pai.

Pais orgulhosos

Do lado de fora da sala de ballet, os pais esperam o término da aula. Eden Goulart aguardava pela filha Emily, de 3 anos e 8 meses. O pai coruja fez questão de contar que no primeiro dia de aula da filha ele até dançou ballet para incentivar a menina. “Faz oito meses que ela faz ballet e conta os dias pra vir. Fiquei surpresa com ela. O comportamento melhorou, ficou mais desinibida e está aprendendo a trabalhar em grupo”, revelou o pai. Ana Laura, de 3 anos e 5 meses também apresentou bons resultados.  “Acho que isso fará diferença na vida dela. Ajuda na desenvoltura, na sociabilidade e ainda por cima, acalma”, explicou a mãe, Patrícia Mareth.

Professores acreditam no esporte

O promotor de Esporte e Lazer do Sest/ Senat, Eduardo Antonio Rosa é professor de Futsal que abrange mais de 120 crianças e jovens. Ele trabalha há cerca de 10 anos na área esportiva. Para o professor, o esporte é sinônimo de respeito e disciplina. “Ensina responsabilidade, cidadania e educação. Ensina que existem adversários e não inimigos. Procuramos fazer com que eles melhorem seu desempenho, mas o mais importante são as noções de cidadania”, enfatizou o professor.

A professora voluntária de Ballet, Zilca Cristina Pelc, atua há mais de 20 anos com a dança. O ballet ajuda na psicomotricidade, na coordenação, no convício social, na postura e na disciplina. A sala ainda é improvisada. Não há espelhos, barras e nem colchonetes. Mas, a alegria das crianças é a melhor recompensa. “Muitos pais não têm condições de pagar aulas de ballet e muitas destas crianças não teriam outra oportunidade de fazer. É um trabalho gratificante e acredito que elas vão se tornar cidadãs melhores”, salientou a professora de ballet.

Professor exemplo

O professor de Karatê e Muay Thai, Marcos Antonio Amaro Cavalheiro atua no Sest/Senat desde a inauguração há seis anos. Possui 150 alunos no projeto. Não há barreiras que impeçam este professor de incentivar o esporte na vida das crianças e adolescentes. Quando os alunos moram em bairros distantes e não tem condições de ir treinar, Marcos utiliza o próprio carro para buscar os jovens. “É uma oportunidade para eles buscar uma vida melhor. O esporte ensina os alunos a lutar pelos objetivos. Ensina disciplina e o respeito ao próximo. É uma razão de viver”, declarou o professor.

Associação fomenta o esporte

A Associação Passo-Fundense de Esportes Olímpicos foi lançada oficialmente em abril de 2012. A iniciativa tem como objetivo, oportunizar a prática de esportes entre crianças, jovens, adultos de ambos os sexos, como meio de educação e cultura com vista na promoção social e saúde, bem como a formação da cidadania. A Associação Passo-fundense de Esportes Olímpicos compreende as seguintes modalidades: Equipes de voleibol masculino, feminino e categorias de base, feminino e masculino; equipes de futsal feminino e categorias de base, masculino e feminino; Artes Marciais – karatê, taekowndo, capoeira, MMA e Kick-boxing; maratona; ciclismo; hipismo; esgrima; tiro; grupo de balé; coral de vozes e grupo de violão. 

Segundo o presidente da associação, Guerton Schell, a associação surgiu para fomentar o esporte em Passo Fundo e reunir a classe de Educação Física que costumava desenvolver as atividades de forma isolada. “A associação é uma maneira de buscar força política e fomentar todas as modalidades olímpicas. A intenção é que o projeto cresça e se espalhe para outros espaços”, salientou Guerton.

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