Conhecendo a tradição

Crianças de uma escola de educação infantil de Passo Fundo aprendem na prática os costumes da tradição gaúcha

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Natália Fávero/ON

“Não riam se sou pequena, tamanho não é documento... pois até sou mais gaúcha do que muita gente grande”. Camila Vial, de 4 anos está com a letra do poema “A Gauchinha” na ponta da língua para declamar na Semana Farroupilha. Poemas, danças, galpão, chimarrão, comidas típicas e transporte gaúcho são algumas das atividades desenvolvidas durante os festejos na escola de Educação Infantil Bom Pastor, no bairro Lucas Araújo. Uma maneira de ensinar as crianças a cultivar a tradição.
As cerca de 80 crianças de 0 a 5 anos da escolinha estão encantadas com as atividades da semana farroupilha. Muitas nem entendem o que se passa nesta semana e tão pouco compreendem o motivo pelo qual estão vestidas com a pilcha, mas já sentem na alma que ser gaúcho é uma tradição muito forte. “Não sei muito bem o que é semana farroupilha, mas gostei muito de decorar este poema. Também estamos dançando, cantando e gosto de me vestir de prenda”, revelou Camila, após declamar um poema de Dimas Costas aos coleguinhas. A vice-diretora e coordenadora pedagógica, Daiane Henrich, repassa aos alunos as danças que aprendeu na época em que ela dançava em invernadas.  “Tem crianças de dois anos e meio dançando e declamando poesias”, disse a instrutora da invernada.

Durante os festejos na escola, as crianças aprenderam a fazer várias comidas típicas: bife no disco, arroz de china pobre, café de chaleira, revirado de feijão, bolo de milho, galinhada e cueca virada. Toda esta dedicação tem um motivo muito especial. “Se plantarmos a semente desde pequenos, ela vai germinar e crescerá forte. A tradição gaúcha representa preciosos valores na vida de quem a cultiva”, declarou Daiane.

Poema: A Gauchinha (Dimas Costa)
Vejam só esta gaúcha
Se não é um monumento.
Não riam se sou pequena,
Tamanho não é documento.

Porque eu serei rio-grandense,
Sempre onde quer que ande.
Pois até sou mais gaúcha
Do que muita gente grande.

Receita: Bife na chapa

Ingredientes:
- meio quilo de carne de primeira (alcatra, coxão, patinho)cortada em filés;
- vinagre;
- 1 dente de alho (opcional);
- pitada de pimenta do reino moída;
- cebola grande cortada em rodelas (opcional);
- meia colher (sopa) rasa de sal.
- óleo para fritar.

Preparo:
- temperar os bifes com o sal, a pimenta, o alho picado e o vinagre (este tem a função de amaciar a carne), deixar no tempero por no mínimo meia hora;
- cortar a cebola em rodelas e reservar;
- em uma panela, colocar mais ou menos 3 colheres (sopa) de óleo, deixar aquecer bem.
- quando o óleo estiver bem quente, frite um bife de cada vez. Vá colocando em um prato.
- quando todos os bifes estiverem fritos, aproveite o óleo da panela e frite a cebola em rodelas até dourar, depois acrescente à cebola, os bifes reservados. Desligue a chama da panela para que os bifes não fiquem secos ou duros.
Serve 2 a 3 porções.

A tradição do Chimarrão
Segundo informações do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o Chimarrão é um legado do índio Guarani. Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul. Também conhecido como mate amargo, a bebida preferida pelo gaúcho constitui-se no símbolo da hospitalidade e da amizade. É o mate cevado sem açúcar, preparado em uma cuia e sorvido através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate, planta nativa das matas sul-americanas, inclusive no Rio Grande do Sul.

O melhor amigo do gaúcho
A escola levou as crianças para conhecer o transporte do gaúcho no Centro de Hipismo e Haras MD. As crianças aguardavam ansiosas pela chegada do cavalo. O tratador de animais do haras, Waine Thomé, de 21 anos, trouxe uma égua crioula para mostrar aos alunos. Ele explicou sobre a raça crioula, alimentação, manejo e acessórios utilizados pelo cavalo. A principal lição ensinada pelo tratador é o carinho e os cuidados com o animal. “O cavalo auxilia no transporte do gaúcho, na lida do campo, no esporte e no lazer. É o melhor amigo do gaúcho. Por isso, este animal precisa de cuidados especiais e de muito carinho”, explicou o tratador.

Em seguida vieram as dúvidas dos pequenos. Manoela Dellyannis, de 4 anos perguntou como os cavalos falam. O tratador obviamente explicou que eles não falam, mas os tratadores compreendem algumas atitudes dos animais, como o relinchar do cavalo. “Muitas vezes, quando eles estão com fome eles relincham”, disse Waine. Depois das explicações, as crianças puderam montar na égua crioula e dar um breve passeio. Valentina Rombaldi, de 2 anos, disse que não sentiu medo de montar. “Já tenho um cavalo e gosto de andar”, disse a menina.

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