Leonardo Andreoli/ON
As lavouras de trigo poderão registrar uma perda significativa em função das condições climáticas da última semana. As geadas e quedas de granizo causaram danos no campo. A previsão de chuva prolongada pelos próximos dias também preocupam os triticultores. Ainda não há uma estimativa de perda contabilizada. No entanto, esses dados devem ser obtidos pela Emater Regional de Passo Fundo nos próximos dias.
De acordo com o engenheiro agrônomo Claudio Dóro as geadas atingiram as lavouras de trigo em um momento crítico do desenvolvimento, o que não aconteceu com a cevada e a canola, por exemplo, que já estão num período de desenvolvimento mais adiantado. Além das perdas pela geada, as chuvas previstas para a próxima semana deixam o produtor em alerta pela possibilidade de aparecimento das doenças fúngicas de final de ciclo. Os produtores que fizeram a aplicação de fungicidas preventivamente deverão ter menos reflexos negativos em função de doenças.
Além da perda de produtividade os danos nas plantas afetarão a qualidade dos grãos. O bom preço estimulou os produtores a investirem mais em tecnologia e as lavouras apresentavam excelente potencial produtivo, com expectativa de se colher mais de 50 sacas por hectare. Nos próximos dias a Emater Regional irá realizar um balanço para avaliar as perdas.
Região
Na região, alguns produtores de trigo já estão solicitando o Pró-Agro em função dos danos. No município de Rondinha, pelo menos 10 triticultores já solicitaram o seguro. O engenheiro agrônomo da Emater do município Ronaldo Carbonari destaca que o maior problema foi em relação a chuva de granizo e não tanto com a geada. “Tivemos algumas áreas que sofreram com a geada, mas os estragos causados pelo granizo foram mais significativos”, compara. Além do trigo outras culturas sofreram em função dos fenômenos climáticos, como o fumo, os parreirais e o milho. As parreiras do município precisarão ser podadas novamente e a produção poderá ser inferior a 10% do que era previsto para a safra. Em Ernestina foi registrado chuva de pedra na manhã desta segunda-feira, causando danos na zona rural e urbano do município.
Semana de tempo instável
Os primeiros 12 dias do mês de outubro devem ser marcados pelo grande volume de chuvas no Estado. De acordo com os indicativos a média do mês, que é de 152,9 milímetros pode ser superada ainda nos primeiros dez dias. As informações são do observador meteorológico da Embrapa Trigo/Inmet Ivegndonei Sampaio. Até esta quarta-feira, uma frente fria associada a nuvens carregadas e um sistema de baixa pressão atmosférica criam as condições para a ocorrência de temporal. Entre as 8h até às 15h de ontem o volume de chuvas registrado foi de 38 milímetros, 21% da média do mês.
As quantidades maiores de chuva maior e os temporais mais intensos deverão atingir o sul e o oeste do Estado, e parte do centro e noroeste. “Aqui, num primeiro momento, não devem ser de tanta intensidade quanto nesses lugares”, pondera Sampaio. As temperaturas durante a semana devem ser de mínimas entre 12ºC e 14ºC e as máximas não passando dos 20ºC até quinta-feira. Na sexta as temperaturas entram em elevação e no sábado podem chegar até 30ºC. Há indicativos de que para o domingo possa haver o retorno de pancadas de chuva por vezes fortes, acompanhadas de rajadas de vento, descargas elétricas e queda de granizo em áreas isoladas.
Barragens
O volume de chuvas previsto para os próximos dias devem ser suficientes para que a Barragem da Fazenda recupere o nível normal. Até a última semana ela estava com o nível um metro abaixo do vertedouro. De acordo com o chefe de Coordenadoria Operacional da Corsan Passo Fundo, Rubens Nunes Maciel, se o volume de chuva foi suficiente para encher a barragem, a transposição da água que está sendo captada no Rio Jacuí pode ser interrompida na próxima semana. Após o período de chuva desses próximos dias a Corsan irá realizar uma avaliação da Barragem da Fazenda. A Barragem do Arroio Miranda está com nível normal.
Clima prejudica lavouras na região
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