Mães em busca de paz e justiça

Manifestação do grupo de mães Renascer pede paz para evitar que outras famílias sofram pela perda de um filho. Grupo foi criado há quatro anos em Passo Fundo e está aberto para receber outras mães que queiram apoio para amenizar o sofrimento.

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O grupo Renascer composto por mães que perderam filhos em acidentes ou em casos de homicídio e suicídio lutam pela paz e pela justiça. Uma manifestação silenciosa com fotos e faixas em homenagem as vítimas chamou a atenção na tarde de domingo (21), na Praça da Mãe, na Avenida Brasil. O grupo foi criado há quatro anos em Passo Fundo e está aberto para receber outras mães que queiram apoio para amenizar o sofrimento.

Um dos objetivos da ação realizada ontem foi divulgar a existência do grupo para outras mães que estejam enfrentando a dor de perder um filho. Além das mães, participaram familiares e amigos das vítimas. A presidente do grupo Renascer, Zenáide Natália Zatti Valério, frisou que o grupo está aberto para ajudar outras mães. “Lutamos para que nenhuma mãe no mundo passe novamente por este sofrimento. É uma dor muito grande que parece não ter fim”, disse Zenáide.

A morte de um filho desestrutura uma família, principalmente as mães. O grupo ressaltou que as pessoas não estão se importando o quanto deveriam com a importância da vida. Enfatizam que hoje se mata por nada. “Este é um movimento para que a sociedade perceba os danos causados nestas famílias que sofrem intensamente. Queremos pedir paz e que a sociedade se organize para ter paz”, ressaltou a presidente do grupo.

Filho morre durante desentendimento no trânsito
A mãe Fátima Martineli jamais esquecerá o dia 3 de setembro de 2011. Esta foi a data que o filho dela, Adriano Martineli, de 21 anos, foi morto com uma facada após uma briga no trânsito no bairro Petrópolis. A mãe revelou que o filho era uma pessoa muito amiga e trabalhava como projetista em uma loja de móveis. “Faz 14 meses que meu filho morreu, mas a dor é a mesma e continua intensa. Não há dor maior que a da perda de um filho”, declarou a mãe.
Fátima encontrou no grupo Renascer uma forma de compartilhar a dor em busca de amenizar o sofrimento. “Uma mãe dá força pra outra. Esta dor amenizará, mas não passará nunca. É uma dor que fica no coração. Não queria que nenhuma mãe sentisse mais isso”, disse Fátima.

Além de enfrentar a dor diária da morte do filho, Fátima e a família sofrem com a falta de justiça. O homem que matou Martineli continua impune. “Queremos justiça. A morte não pode ficar impune desta forma”, ressaltou a mãe.

“Nós mães temos que renascer todos os dias”
Estas são as palavras de Neiva Salete Sichelero que é mãe de Felipe Sichelero Pinheiro, de 19 anos. Segundo a mãe, Felipe e o amigo João Pedro Ribas Lara, de 17 anos, foram mortos em um acidente na ERS 324 ocasionado por um veículo que trafegava em alta velocidade e acabou atingindo o carro dos jovens que estavam estacionados no acostamento. “Felipe voltou pra buscar outro amigo e quando retornavam da boate acabou a gasolina. Eles estavam esperando o combustível quando foram atingidos por um motorista embriagado em alta velocidade”, relembrou a mãe.

Neiva disse que os jovens costumam beber e cobra uma ação mais efetiva da polícia para evitar que eles dirijam nestas condições. A mãe também pede justiça para o caso que ainda não teve uma solução. “Casos como este deveriam ter prioridade na justiça. É um sofrimento muito grande para a família enquanto que a pessoa que matou meu filho está andando por aí como se nada tivesse acontecido”, desabafou a mãe.

A mãe ressaltou que o grupo Renascer quer sensibilizar as pessoas para a valorização da vida para evitar a dor de outras mães.

Grupo Renascer
As reuniões acontecem no 1º e 3º sábado de cada mês, às 16h, nos fundos da Catedral Nossa Senhora Aparecida, entrada pela rua Coronel Chicuta. Outras informações pelos telefones (54) 3313-3539 ou (54) 9976-3344.

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