Tamanco, Português, Milito, Alemão e Figa. Bem que poderia ser a escalação de um time qualquer de futebol de salão lá da minha Vila Vera Cruz. Nada é mais da lista de apelidos de caserna dos ex-presidentes militares Castelo Branco (Tamanco), Costa e Silva (Português), Medici (Milito), Geisel (Alemão) e Figueiredo (Figa). Constituíram seus governos a tentativa de restabelecer a organização social perdida no governo Jango. Cometeram exageros as partes de lá e de cá, houve mortes, pessoas desapareceram, houve torturas, desmandos, cassações, esperanças e desesperanças, houve músicas, protestos velados e escancarados. Até onde se sabe tudo houve. Em 12 de outubro de 1977, feriado, Geisel mandou o General Sylvio Frota vestir o pijama e desalojou-o do posto de Ministro do Exército, motivo: Frota queria e estava armando a permanência dos militares no poder junto com o aparelho repressivo, o que contrariava a orientação do presidente. O país, mal ou bem, tinha comando e tinha regras. Uma sociedade permissiva e sem regras permite até a impunidade desmedida. Não, não há saudades dos militares no poder, nosso país já avançou dessa aventura. Milico gosta é de quartel, milico gosta de regras e de hierarquias.
Milico detesta essa mixórdia chamada impunidade. Nada mais desabonador a um oficial que passou pela Academia das Agulhas Negras que ter fama de colador em provas. Isso o desacreditava e tirava seu viço. Milico gosta de medalhas e de merecimentos, aprecia a disciplina, trabalha pela meritocracia. Milico bom execra o milico ruim e o sistema deleta o ruim. Assim deveria ser na sociedade civil, trabalhar e buscar o mérito. Esse artigo não é uma ode aos militares, nem tem tom saudosista. É que estamos assistindo ao julgamento do mensalão e todos se perguntam se os maganos dessa “operação” irão realmente em cana? A gente prende de manhã e a justiça manda soltar à tarde e tem gente que ainda diz que nossa justiça é lenta. Mas, ficamos fascinados com a qualidade dos votos e as interpretações das leis feitas pelos valorosos homens do Supremo porque concluímos: “é agora ou nunca”. Será que vão para o xilindró, será que recuperaremos o dinheiro?
Ainda tem muita gente que deveria ser julgada e presa. Paulo Maluf, por exemplo, em foto eterna apertando-se as mãos com o paladino da moralidade, o Sr Luís Inácio, afirma que não tem dinheiro seu nenhum no exterior. Deve ser verdade, lá está é o nosso dinheiro. Para Maluf não há punição, o que há é o escárnio aos cidadãos honestos de nosso país, que felizmente são a maioria de nós. A gente julga junto com os ministros, mas também deveríamos olhar para nós. É o médico que cobra por fora, é o professor que não dá aula, é o aluno que gazeia, é o funcionário público que pendura o casaco na cadeira e que desaparece, é prefeito que distribui CCs, é o que vende drogas e bebidas para menores de idade, é o juiz que vende sentenças, é o advogado que entroniza celulares em cadeias, é a mulher que se vende, é o homem que trai a confiança de sua família, enfim.
Nunca aponte o erro dos outros com o dedo sujo, diz o ditado. É bom que se olhe para dentro de nossas casas e vidas para pretender justiça. A gente já saiu de uma esculhambação social dos tempos de Jango (a desobediência civil), já passou pela ditadura (obediência militar), é tempo de um novo país. Não queremos um país de sombras longas, queremos a luz e o sol, queremos o país tropical, bonito por natureza, habitado por gente que nem você e eu.
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