Livros disponíveis nos corredores da escola sem controle de empréstimo ou mesmo tempo para devolução. De maneira muito resumida, assim poderia ser definido o projeto Minhas Leituras da Escola Municipal Jardim América. No entanto, a ideia simples tem sido uma revolução no estímulo à leitura de alunos, pais e comunidade do bairro de mesmo nome. Na comemoração do Dia Nacional do Livro conheça o projeto que se sustenta de doações de livros, gibis, revistas e jornais.
As atividades de incentivo à leitura começaram a ser desenvolvidas ainda no início do ano letivo. As professoras estabeleceram que uma vez por semana, em horário surpresa para os alunos, a escola interromperia as atividades normais por uma hora para que os estudantes pudessem ler. O material era levado para a sala pelas próprias educadoras que faziam a distribuição.
O segundo passo do projeto foi a instalação de um expositor no corredor da escola para deixar os materiais expostos. A diretora da escola, professora Eloisa Veiga, explica que além de incentivar a leitura, o projeto surgiu da necessidade de oferecer uma atividade para os alunos que passam mais tempo na escola, em função do projeto Mais Educação ou mesmo pela espera do transporte escolar. “Muitos deles permanecem o dia inteiro na escola e víamos que no período que não tinha monitores, principalmente depois do almoço, eles ficavam meio à deriva. Então esse projeto veio preencher esse espaço de tempo”, conta. Quem visita a escola também aproveita o tempo de espera para ler. O expositor foi confeccionado por uma professora do município aposentada que integra o Centro Municipal de Professores.
Doações
O projeto tem cerca de 300 livros entre os expostos e os que estão circulando entre os alunos e a comunidade, além de periódicos. A escola solicitou que fossem feitas doações, e cerca de 90% do material disponível foi conseguido desta forma. Outra parte a escola disponibilizou. “Não fazemos um controle rigoroso dos livros. Eles levam e retornam depois. É um projeto totalmente independente da biblioteca”, ressalta.
A professora Leane Frank também atua na coordenação do projeto. Segundo ela, além dos livros, cerca de 300 gibis foram comprados em um sebo para o projeto. Todos estão circulando entre os alunos. “Eles nem chegam de volta porque os alunos se trocam na sala de aula mesmo”, observa. Para ela, o fato de o projeto não exigir nenhuma obrigação de leitura ou mesmo de prazo faz com que os alunos se sintam mais a vontade. Mesmo nos intervalos entre as aulas, ao invés de ir para o pátio, muitos preferem aproveitar para ler. Para a professora Cleiva Veneral outro ponto positivo do projeto é a rotatividade do material. Como sempre tem novidades, os alunos não enjoam.
Alunos
A proposta foi aprovada pelos estudantes. Vinícius Carvalho, do sétimo ano, é um frequentador assíduo do espaço. Para ele a facilidade de acesso é um dos motivos do sucesso. “Muita gente que não gosta de ler começa pegando os livros e revistas e descobre como é bom”, observa. O garoto considera ainda que o fato de não haver um controle estimula que os alunos sejam mais responsáveis com os materiais. A opinião dele é compartilhada pelos estudantes do sexto ano Dionatan Rodrigues, Vitor Majoni e Christopher Luiz Olivio. O grupo conta que os pais e irmãos muitas vezes vão à escola e também se interessam pelos materiais. O número de livros lido por cada um varia bastante. Olívio diz que já chegou a ler seis em apenas uma semana. Rodrigues prefere os gibis e Majoni lê até dois livros por semana.
A estudante Janiele Lopes, do oitavo ano, é uma das apoiadoras do projeto. Ela observa que muitos alunos que chegam cedo ou precisam ir embora mais tarde em função do transporte escolar se beneficiam da atividade. “Conversamos sobre os livros que mais gostamos e trocamos eles quando gostamos”, acrescenta.
As pessoas que tiverem interesse em colaborar com materiais ou conhecer o projeto podem ir até a escola que fica na Rua Felipe da Cunha, 524.