A produção de flores em Passo Fundo e na região atende apenas 10% do mercado. De acordo com estimativa da Associação de Floricultores do Norte Gaúcho (Ameflor), entidade criada para fortalecer os produtores, a região conta com cerca de 40 produtores, mas não consegue dar conta da demanda. Em Passo Fundo, quatro são associados Ameflor, e pelo menos outros quatro se dedicam ao cultivo. A necessidade de investimento em tecnologia no início da produção desestimula muitas pessoas interessadas em trabalhar na área.
Conforme o presidente da Ameflor JosÉ Elias Girardi, de Marau, faltam incentivos ao setor e investimentos em tecnificação das propriedades. O clima é favorável, mesmo assim É necessária a instalação de estufas nas propriedades para proteger as plantas, principalmente nos meses mais frios. Entre os associados, cerca de 30 variedades de flores entre as de vaso, de corte e para jardins são produzidas.
A produtora Eunice Ilha se dedica ao cultivo de flores há 16 anos. Segundo ela, que presidia a associação até o ano passado, a entidade permitiu que os produtores se unissem para conseguir melhorias para o setor. Além da compra conjunta de materiais, eles conseguiram um caminhão por meio do Ministério da Integração Nacional. O veículo serve para distribuir a produção em floriculturas e empresas de decoração da região. A venda conjunta permite o oferecimento de uma variedade maior de produtos.
Demanda
A autossuficiência na produção de flores ainda é uma realidade distante. A produtora destaca que entre os motivos está a grande variedade de flores existente no mercado. Para se avançar nesse sentido, é necessário que mais produtores se interessem pelo cultivo e invistam na propriedade, bem como haver o incentivo a esses produtores. Para os clientes, o cultivo de flores na região diminui o estresse pelo qual passam as plantas que fazem longas viagens, vindas de outras regiões do país. “Conseguimos oferecer um produto melhor, com um bom preço”, destaca Eunice.
Rendimento
Para ela, a produção de flores é uma atividade que dá retorno a longo prazo. O início é mais complicado devido à necessidade de investimento em estrutura e conhecimento para se dedicar à produção. A dificuldade para encontrar os insumos necessários é outro fator. No entanto, por meio da associação eles compram adubos e vasos, por exemplo, de São Paulo em quantidades maiores para todos os associados, o que diminui os custos. “Quem quer começar precisa ter conhecimento, pesquisar o mercado, e se o tipo de flor se adapta à região. O produtor pode ter perdas muito grandes se não procurar a espécie adequada”, alerta. Ela explica que a produção é sazonal e geralmente são produzidas flores de primavera e verão e outono e inverno.
As estufas da Paiquer, nome da empresa de Eunice, têm aproximadamente 780 metros quadrados onde são cultivadas flores de corte e vaso, como boca-de-leão, lisianthus, rosas, palmas, copos-de-leite, gerânios e brinco de princesa, que é a flor símbolo do Rio Grande do Sul, entre outras. Nesse espaço são produzidos cerca de 12 mil vasos por ano que são comercializados a preços médios de R$ 6. Além disso, há áreas de campo onde são produzidos complementos para buquês.
Maior consumo
Conforme dados da Emater Estadual, o Rio Grande do Sul apresenta o maior consumo per capita de flores. Por outro lado, o cultivo para fins comerciais ainda se concentra em poucos municípios, poucos produtores e pequenas áreas, mas está em expansão. Eunice destaca que o Estado é o quarto maior consumidor de flores do Brasil e reœne aproximadamente 800 produtores. Em Passo Fundo, pelo menos oito agricultores se dedicam ao cultivo. Na região são cerca de 40. “Ainda estamos longe de ser um polo, mas está se expandindo bastante”, pondera.
Conforme a produtora, a concentraçã das vendas se dá em datas especiais, principalmente dia das Mães, da Mulher, dos Namorados e de Finados. No Dia dos Pais um crescimento tem se observado nos œltimos anos. Entre as preferências estão flores de vaso, e os cravos que significam a virilidade.