Agricultores amargam prejuízos

Com frustração na colheita da cevada e do trigo, produtores esperam boa safra de verão para reequilibrarem-se financeiramente

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Com quase cerca de 70% de área colhida, o trigo tem apresentado uma produtividade média de apenas entre 10 e 12 sacas por hectare. Com a cevada o resultado é ainda pior. Embora tenham colhido entre 25 e 30 sacas por ha, a qualidade do grão não tem padrão cervejeiro. A expectativa dos produtores é de ter bons resultados na safra de verão com a soja e o milho e com isso conseguirem reorganizar as finanças da propriedade.

O agricultor Sérgio Penz, 48 anos, de Santa Gema plantou 18 hectares de cevada nesta safra. Com a colheita já finalizada ele lamenta a perda de toda a produção. Há três anos ele dedica parte da área da propriedade para o cultivo do grão no inverno. No ano passado ele colheu 67 sacas por hectare com a maior parte de excelente qualidade. Neste, foram apenas 25.   “A qualidade é péssima, só serve para ração. A única coisa que sobrou foi a palha”, conta. O problema na cultura também foi a geada do mês de setembro que prejudicou a lavoura de trigo. O agricultor trabalha com a Cotrijal o que garante a aplicação de boa tecnologia na lavoura. Neste ano, além da adubação e outros cuidados, foram realizadas três aplicações de fungicidas. “Não tirei nem o custo da lavoura. Solicitei o Proagro para pagar o banco”, lamenta.

 

Esperança

A aposta do agricultor agora é nas lavouras de soja e milho. Ele e o pai plantam anualmente 43 hectares de soja e 20 de milho. “Estamos com expectativa de colher bem. Perdemos duas safras esse ano. Teve gente que chegou a perder três”, diz ele fazendo referência aos produtores que tiveram problemas com a geada e o granizo que atingiram as plantações de milho no início do ciclo. Além de investir no manejo, ele destaca que a previsão do tempo favorável deixa os produtores com boas perspectivas, fortalecidas pelo bom preço.

Cevada

Na região de abrangência da Emater Regional de Passo Fundo foram plantados cerca de 20 mil hectares de cevada. De acordo com o engenheiro agrônomo Cláudio Dóro, com a colheita praticamente concluída o resultado é altamente negativo. “A produtividade média ficou entre 25 e 30 sacas por hectare e a qualidade desse produto é muito ruim. Mais de 95% da cevada não teve padrão cervejeiro e isso comercialmente é um péssimo negócio porque o preço despenca”, acrescenta.

Trigo

A área plantada de trigo já foi cerca de 70% colhida e o trabalho deve ser concluído na próxima semana. No campo, as produtividades registradas são variadas. Há quem perdeu toda a produção, os que colheram cinco sacas, e mesmo quem conseguiu colher 40. Dóro destaca que prevalece a produtividade média de 10 a 12 sacas por hectare. “Sem dúvida é altamente frustrante. Trabalhávamos com expectativa de produtividade de 45 sacas por hectare até 25 de setembro que antecedeu a geada e mudou completamente o quadro”, lembra. Segundo ele, a preocupação dos agricultores agora é encerrar a colheita, pagar as dívidas e conduzir bem as lavouras de verão esperando que o clima colabore.

Culturas de verão

Neste ano, a região deve ter um aumento da área plantada de soja em função do bom preço. O plantio do milho já está concluído e alguns produtores tiveram perdas no início do ciclo. A geada e chuvas de granizo obrigaram muitos agricultores a replantarem áreas destinadas à cultura e isso acarreta em aumento do custo de produção e diminui a lucratividade. A orientação do engenheiro agrônomo é de que os agricultores aproveitem o clima para implantação da lavoura de soja e sejam cuidadosos com a regulagem de equipamentos para a realização do plantio. “Uma lavoura bem plantada garante 50% do sucesso”, salienta.

A estimativa é de que os preços para os principais grãos de verão – soja e milho – se mantenham bons. Ele justifica a análise tendo em vista a baixa dos estoques mundiais, que sustentam os preços elevados, e o câmbio.

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