Quatro décadas de velocidade

Disputa do título gaúcho de kart terá homenagem aos 40 anos da modalidade em Passo Fundo

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A última etapa do Campeonato Gaúcho de Kart, que acontece neste final de semana no kartódromo da Roselândia, marca os 40 anos da primeira prova da modalidade realizada em Passo Fundo. Em pleno inverno de 1972, jovens apaixonados por velocidade improvisaram um circuito ao redor da praça Marechal Floriano, no coração da cidade, e deram a largada para o surgimento de várias gerações de pilotos vitoriosos dentro do automobilismo gaúcho.

O público que comparecer ao kartódromo no domingo poderá conferir de perto parte desta história. Pelo menos seis karts, dos anos 1960 e 1970 serão expostos durante todo o dia. Um deles, inclusive, esteve na primeira corrida em Passo Fundo, vencida pelo piloto Hércules Borges. Os modelos fazem parte do acervo do colecionador Paulo Trevisan.

Adquiridos através de uma revenda de Porto Alegre, os pequenos carros de corrida atraíam a atenção do público, que se acotovelava ao redor do circuito para acompanhar as corridas. “Naquela época, os motores eram de 13HP, o chassi não tinha a mesma eficiência, os pneus eram mais finos, exigia mais controle na pilotagem” lembra Trevisan, um dos 20 pilotos presentes no primeiro grid em 1972.

Aos 63 anos, o advogado Mauro Machado lembra o entusiasmo que o ronco das pequenas máquinas causava e das dificuldades para a prática da modalidade. Sem um local adequado, a alternativa era improvisar. Áreas asfaltadas como o trevo na saída para Porto Alegre, no acesso da Transbrasiliana, ou o pátio da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa), eram transformados em pistas. A falta de equipamentos era outro obstáculo. “Um amigo trouxe uma sapatilha de São Paulo, então copiei o modelo original e mandei fazer uma em couro. O acesso aos equipamentos era muito difícil. Mas nada comparado ao prazer de estar mexendo com motor, gasolina, e testando os limites de velocidade. O kart veio para preencher um vazio de um grupo de apaixonados por automobilismo” recorda Machado, cuja participação na prova de estreia terminou na primeira volta.

Ao todo, foram realizadas oito corridas do primeiro Campeonato Citadino de Kart, mas por problemas no regulamento e a disputa de diversas baterias, não houve uma definição sobre o campeão. Por outro lado, pilotos que iniciaram naquele grupo, levaram a carreira adiante e conquistaram títulos importantes no Estado. Daquele grupo, também saiu as primeiras discussões para a construção de uma pista, concretizada entre 0s anos de 75 e 76. Três anos depois (1979) era inaugurado o atual kartódromo da Roselândia.

“Aquele momento foi o embrião para o surgimento de outras gerações de pilotos em Passo Fundo. Os grandes destaques tiveram o Kart como a primeira escola do automobilismo” observa Machado, mostrando orgulhoso uma foto do filho, Rafael Coelho Machado, vice-campeão gaúcho e campeão catarinense da modalidade nos ano de 1997 e 1998 respectivamente.

Curiosidades

    - No Brasil o kart surgiu em 1959/60 originário de uma ideia dos americanos que estavam usando motores de cortadores de grama e de motosserras. Com a proibição das corridas de carros nas ruas no RS em 1968 (a última prova foi em Passo Fundo, pelo campeonato gaúcho) a única alternativa era correr no Autódromo de Tarumã, inaugurado, em 1970. Portanto, a solução para os pilotos passo-fundenses foi o kart.

    - A primeira prova em Passo Fundo aconteceu em 5 de junho de 1972, sob muita chuva. A largada aconteceu em frente ao bar Oásis. Na soma das quatro baterias, com 12 minutos cada, o vitorioso foi Hercules Borges com 22 pontos. A melhor volta, indicada pela cronometragem registrada pela equipe de Paulo Roberto Magro, foi feita pelo piloto Paulo Tagliari.

    - O grid de largada da primeira prova teve os seguintes pilotos: Paulo Tagliari, Mauro Machado, Ivanio Bernardon, Ernani Rigon, Sergio e Helio Ughini, Paulo Trevisan, João Carlos Klaus, Joaquim Albuquerque (de Carazinho), José Schroeder, Antonio Carlos Oltramari, Caetano Borella, Moacir Cabeda, Hercules Borges, Roberto Tasca, Nilton Bertão, Ison Iaione, Nereu Grazziotin, Edson Bertão e Guilherme Wolff.

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