Às 14h30 de ontem (13) cerca de 30 pessoas se reuniram na Avenida Presidente Vargas para protestar contra as mudanças e obras feitas no trânsito na altura do cruzamento com a rua Daltro Filho. Os manifestantes, comerciantes de estabelecimentos que ficam às margens da Avenida e funcionários, protestaram por 30 minutos e chegaram a fechar as duas pistas da via por alguns minutos.
O objetivo foi sensibilizar os motoristas quanto aos transtornos que as modificações estão acarretando contra seus estabelecimentos comerciais, especialmente a retirada do estacionamento dos dois lados da Avenida que, segundo eles, atingiria mais de dois quarteirões, entre as ruas Prestes Guimarães e Padre Valentim. Para os comerciantes, a medida é inviável, uma vez que estão estabelecidos e necessitam do estacionamento para operações de carga e descarga de mercadorias.
Ainda pela manhã, uma movimentação pelas redes sociais provocou comentários de diversas pessoas com opinião semelhante à dos comerciantes. “Ficamos sabendo da obra quando ela começou e também sobre a colocação das sinaleiras quando já estavam instalando. Dois dias antes de instalar distribuíram uns panfletos sobre as mudanças nos sentidos das vias, mas já com as obras aprovadas e com as máquinas para fazer”, argumenta Renato Grutzmann, comerciante do local. Além disso, ele afirma que a via ficou menor que o canteiro e o trevo construídos e que, por este motivo, somente a retirada do estacionamento não resolveria o problema.
De acordo com o grupo, vários deles foram até a prefeitura para conversar e receberam a informação de que o estacionamento não seria retirado em toda extensão. “Estamos estabelecidos há vários anos e agora essas modificações vêm para complicar a nossa situação e as manifestações da população também provam que a maioria desaprovou a obra”, afirma Ramiro Gomes. “A pista está muito larga, está maior que a da própria avenida, tanto que se você olhar dá pra ver que parte já foi destruída em um acidente”, completa.
Cândido Ossanes, que também é proprietário de loja comercial nas imediações diz que está instalado no local há mais de 20 anos e que a retirada do estacionamento vai prejudicar muito os lojistas. “A maioria aqui depende de carregar e descarregar produtos e equipamentos. Como vamos fazer sem ter onde estacionar?”, indaga.
Outro argumento dos manifestantes foi que somente pela manhã, quando começaram a realizar a pintura dos meio-fios é que ficaram sabendo que o estacionamento seria retirado. “Fomos falar com o engenheiro da prefeitura e nos disseram que não tinha a necessidade de retirar o estacionamento, que já estava no projeto que não precisava retirar. Hoje de manhã chegaram e foram marcando para tirar o estacionamento”, destaca Ramiro Gomes.
Antônio Amarante é proprietário de uma fruteira que fica na Avenida Presidente Vargas e depende diariamente de local no estacionamento para receber as frutas e verduras que comercializa. “Hoje que fiquei sabendo disso. Dependo do estacionamento todos os dias”, ressalta. Uma das comerciantes chegou a entrar com um mandado de segurança para tentar impedir que as obras continuassem.
O eu diz o município
Conforme a secretária municipal de Planejamento, Elenice Pastore, a retirada do estacionamento é “pequena e pontual, mas necessária. Todas as mudanças que estão ocorrendo e vão ocorrer estão dentro projeto mais amplo do Anel Viário e dos Binários e não foi uma simples decisão do município, e sim tivemos a elaboração de um projeto do ponto de vista mais amplo para a cidade e que foi elaborado por consultores externos e posteriormente aprovado por consultores do Banco”, explica.
A obra está sendo feita com recursos do BID e, por isso, passa pela aprovação dos consultores. “O projeto já está pensando e proposto há algum tempo e teve que passar por todo um critério de análise de intervenção naquela região. Foi licitado e agora está em fase de execução e finalização”, completa. A secretária disse ainda que tem percebido que todas as mudanças têm ocasionado um desconforto: “as mudanças acabam causando essas situações de transtorno, mas são necessárias e algo que precisamos lidar”, salienta.
Com relação ao tamanho da pista do desvio, Elenice afirma que a obra foi feita de acordo com o projeto. “Há 15 dias foram divulgadas as informações sobre as mudanças do trânsito naquela região, inclusive através de um folder reproduzindo a planta original que foi aprovada e a obra foi realizada conforme projeto elaborado e aprovado pelo município de Passo Fundo e pela consultoria do Banco”, destaca.
Segundo a secretária foi feita uma reunião com vários comerciantes da região com os engenheiros e arquitetos responsáveis, na Unidade de Gestão do Programa (UGP) para tratar desse assunto. “Se o município não propuser intervenções também é um problema. Preferimos produzir intervenções que vão melhorar o fluxo nessa região, mas alguns ônus sempre irão existir”, conclui. Além disso, ela afirma que a retirada abrange um pequeno trecho que vai do meio da quadra que faz esquina com a Prestes Guimarães até o posto de gasolina. No sentido contrário, a retirada abrange parte da quadra até esquina com a Daltro Filho.