Chico Mendes, como era conhecido Francisco Alves Mendes Filho, foi assassinado em 1988, aos 44 anos, depois de ter sido acusado de subversivo, na condição de ativista do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Acre. Seu gesto, dando um abraço numa seringueira, que defendia como alternativa extrativista para sustento dos pequenos produtores foi grande demais. Ele abraçou demais a árvore! Por isso morreu. Foi assassinado. E lá se vão 25 anos de sua morte.
Sem escola
Uma das armas mais covardes e sofisticadas da vassalagem imposta pelo sistema dominador da Amazônia era a proibição de escolas. Os donos de terra se encarregavam de executar medidas severas para evitar a proliferação do ensino.
Atrapalhou e morreu
Antes de Chico, muitos outros ícones, camponeses ou ligados à preservação tombaram do mesmo jeito, sem dó nem piedade. Vejam só como alguns radicais defendiam o desmatamento indiscriminado. O Coronel Fregapani, segundo documentário que circula na TV Futura, declarou o seguinte, após a morte da religiosa Dorothy Stang, mártir preservacionista: “Ela provocou a morte por atrapalhar o desenvolvimento produtivo, até o assassinato”. Da mesma sorte, Dionísio Ribeiro Filho, no Rio, foi assassinado por caçadores, ao defender a fauna. Tanta maldade não comporta discussão que desconsidere tanto o direito de viver. Isso tudo é demais! É muito horror pesando sobre uma história que poderia ser de construção, sem reduzir o desenvolvimento, como está sendo sugerido hoje pela legislação que autoriza ampliação de áreas para agricultura e pecuária, mas preserva também as margens dos rios e parte de nossa mata
A luta continua
Sabemos que existem grandes proprietários bem conscientizados de que é preciso conviver com a preservação para continuar produzindo. Não existem rios sem vegetação das margens e tantos outros cuidados. A gente se pergunta por que foram necessários tantos sacrifícios de vidas para defender mananciais, animais e vegetação que são de todos e principalmente de nosso futuro? Nos anos 80, de maior recrudescimento, em meio ao terrorismo de poder, a própria UDR não era unânime em atacar defensores da natureza. Foram alguns psicopatas varridos que se apoiaram em estruturas injustas que massacraram os preservacionistas. Hoje é diferente, mas a falta de valores éticos é o grande entrave entre os grandes e pequenos produtores. O Globo rural tem destacado raras e crescentes ações, entre pequenos e grandes proprietários, que nos emocionam. Aparentemente, eles têm despesas e reservam glebas sem produção. Em médio prazo, no entanto, vão ganhar rios e terras recuperadas, o que não é pouco e talvez seja absolutamente necessário. Os pesquisadores sabem que é preciso aprimorar a técnica alternativa para aumentar a produção de alimentos, mas também sabem que é preciso investir em tecnologia limpa e manejos para evitarmos lamentações futuras.
Retoques:
- O PSB está pensando seus próximos movimentos, pelo crescimento partidário em Passo Fundo, a liderança de Beto Albuquerque e um aceno que não pode ser descartado: a projeção do líder nacional Eduardo Campos, a raposa jovem da política brasileira.
- É lógico que sempre temos respeito por todas as linhas de pensamento. A visão cética desenvolvida na história da filosofia, que tem como adepto o filósofo e jornalista Luiz Felipe Pondé, oferece mérito de fertilidade na literatura do atrevimento dos que não temem ser patrulhados. Ao desmistificarem o pensamento, ou a falta de pensamento responsável pelo senso comum, iluminam a saída para uma sociedade sufocada em suas raízes pela apologia do supérfluo.
- O que se tenta deduzir de algumas opiniões postadas pela mídia, é que o comportamento coletivo precisa emancipar-se de coisas que parecem obrigatórias, pelo interesse mercantilista. Exemplo: Quase fali para pagar prestações de um computador, e hoje vivo a angústia de não saber descartá-lo. Cada dia ele parece maior, num canto do escritório, rosnando. Cartão de crédito, fones e aparelhos multimídia, carros cheios de controles, tudo isso é maravilhoso. Mas, cuidado!