Uma cruz de 3,8 metros de altura e 31 quilos. Nada especial se na sua base, uma placa de metal não gravasse as palavras que dão sentido à sua existência: “Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção”. Vindas da boca de João Paulo II, as palavras motivaram e impulsionaram os jovens de Passo Fundo da mesma maneira que em 1984, início da peregrinação da Cruz.
O fim da tarde dos domingos, na Avenida Brasil, já é tradicional pela aglomeração dos jovens nas praças e pelo som alto. No último dia 18, no entanto, foi diferente. Quem estava por ali viu passar, por toda a extensão da Avenida – do Seminário Nossa Senhora Aparecida até à Catedral – centenas de outros jovens que seguiam uma cruz e um quadro de Maria, os ícones da Jornada Mundial da Juventude que acontece, no Brasil, ano que vem. Ainda, durante toda a segunda-feira a Cruz peregrinou mais uma vez. Visitou o Case, o Presídio e, de volta à Catedral, se despediu da cidade em uma celebração.
Encerrando o Bote Fé, no fim da tarde de domingo, a caminhada dos jovens surpreendeu a cidade. Aos poucos, nas calçadas, as pessoas paravam, sorriam e cantavam com a juventude a alegria de estar na presença dos símbolos que viajam o mundo todo. Apesar do calor e do cansaço, quem optou por caminhar escolheu, também, poder carregar a Cruz. Violão, voz e uma bíblia: de cima de um trio elétrico, jovens do Curso de Liderança Juvenil, da Pastoral da Juventude, da Rede Marista e do Setor da Juventude da Arquidiocese, encaminharam as atividades, através do tema “Que vida vale a pena ser vivida?”. A pé, nas ruas, os jovens se revezavam, tocando na Cruz ou no ícone de Maria.
A caminhada foi feita com cinco paradas e, em uma delas, na frente do Colégio Notre Dame a reflexão tornou-se concreta: foi proposto aos jovens que se espalhassem pela praça e pelas ruas e desejassem a paz a quem estivesse por ali. O trânsito parou e, sem buzinas ou qualquer tipo de impaciência, sorrisos e abraços foram trocados entre os católicos reunidos pela JMJ e por quem simplesmente passava pelo local. Em frente à Catedral, centenas de pessoas aguardavam a chegada dos ícones para a celebração e, ainda, para a vigília que durou a noite inteira.
Case e Presídio
Pela tarde de segunda-feira, a cruz seguiu o caminho e teve mais duas paradas. A primeira, no Case, reuniu cerca de 30 jovens que não puderam participar da caminhada, mas desejavam, também, tocar na Cruz. Uma preparação anterior, de três meses, proporcionou que a chegada dos símbolos fosse compreendida e recebida da melhor forma possível. Da mesma forma, a cruz passou também pelos corredores do Presídio da cidade. Irmã Imelda Maria, coordenadora da Pastoral Carcerária, destacou a importância de sair de dentro da igreja e deixar que a cruz vá até a juventude que está impossibilitada de encontrá-la: “O Case e o Presídio são lugares determinantes para que a Cruz entre e proponha que se faça a diferença. A acolhida dos jovens foi extraordinária e estar com a cruz, nesses lugares, é uma manifestação que Jesus dá oportunidade e denota o seu amor por todos”.
A Cruz deixou a cidade na noite de ontem e chegou em Tapejara. Lá, outras centenas de jovens poderão encontrar-se com os símbolos da Jornada e afirmarem sua fé na Igreja Católica. Em Passo Fundo, a presença do ícone da Cruz tornaram o dia um momento histórico já que nunca antes a Jornada chegou tão perto da Arquidiocese.