No Brasil, aproximadamente 120 milhões de pessoas de 3.410 municípios localizados em 17 estados vivem em áreas da Mata Atlântica. Passo Fundo, que há cerca de 200 anos era coberta com 50% deste bioma, possui hoje apenas 4% da área original de Mata Atlântica. A importância de preservar o que sobrou foi discutida em um encontro na tarde desta quinta-feira (22) na Reserva Maragato.
Promovido pelo Fórum da Agenda 21 e pela Rede Norte do Rio Grande do Sul de Unidades de Conservação, o encontro reuniu gestores dos municípios da região e da próxima administração de Passo Fundo e representantes de entidades ligadas ao meio ambiente. A frente do evento estava o diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, que veio com a missão de sensibilizar os municípios da região a adotar uma estratégia de conservação e recuperação desse bioma, através da criação de planos municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Segundo o diretor, este plano deve ser elaborado e implementado em cada município abrangido pelo bioma, conforme regulamentado pelo artigo 43 do Decreto Federal n° 6.660/08. Atualmente somente quatro municípios já têm o plano aprovado pelos conselhos municipais de meio ambiente.
No Rio Grande do Sul, a cidade de Caxias do Sul é a pioneira. O plano, que foi apresentado aos participantes do encontro, pretende regularizar quatro mil propriedades rurais dentro das normas do Código Florestal e definiu ainda a área de preservação de 250 km², como medida de proteção especial dos mananciais. “Se você quiser pensar na cidade para daqui 20 anos, é necessário pensar na água hoje porque ela é vital para a cidade. Então eles criaram uma área de proteção muito grande e vão investir R$ 4 milhões neste projeto”, relatou. Outra vantagem do plano é possibilitar que o próprio município possa ter condições de licenciar questões ambientais. “Vai ajudar muito o planejamento das cidades, envolvendo políticas públicas, como por exemplo, de saneamento”, disse.
A legislação ainda exige que cada plano deva apontar ações para conservação de áreas degradadas, mapear as zonas com risco de enchente e deslizamentos, além de definir áreas para a criação de Unidades de Conservação municipais. Este documento, que pode ser elaborado pelos técnicos da Prefeitura, não passa pela Câmara de Vereadores e sim deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, com os segmentos da sociedade. “O Plano Municipal de Mata Atlântica vai interagir com o plano diretor da cidade, através de incentivos, mecanismos e medidas de preservação”, explicou Mantovani.
A intenção é que pelo menos 10% dos 3,4 mil municípios que possuem áreas de Mata Atlântica elaborem o plano ainda em 2013. Por isso, a ONG SOS Mata Atlântica pretende realizar novos encontros com os novos prefeitos e secretários municipais. Os municípios que aprovarem seus planos terão acesso aos recursos do Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica, que é destinado ao financiamento de projetos de conservação dos remanescentes de vegetação nativa, restauração ambiental e de pesquisa científica.
Passo Fundo
Mantovani apresentou o projeto pessoalmente para o futuro vice-prefeito de Passo Fundo, Juliano Roso, com a intenção que o município elabore o plano ainda em 2013. Roso afirmou que pretende incluir a proposta na próxima gestão e determinou ao novo secretário de meio ambiente, Enilson Gonçalves, que encaminhe a proposta. “O município já tem uma reserva particular, que é a Maragato e tem alguns nichos e corredores que precisam ser preservados. Precisamos sim ser parceiro deste projeto e criar medidas para preservar a nossa Mata Atlântica”, disse o futuro vice-prefeito.
Encontro debate plano de conservação para a Mata Atlântica
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