Os restos do trigo na lavoura ainda lembram o prejuízo na safra de inverno. A colheita que tinha tudo para ser uma das melhores nos últimos anos, rendeu apenas pouco mais de cinco sacas por hectare na área plantada por Pedro Henrique Artuzi Catappan, 19 anos, e pelo pai dele Moacir Catappan, 58. Após a pouca chuva do início da semana, eles retomaram o plantio da soja após uma semana parados devido à falta de umidade. Esperançosos pela ocorrência de chuvas e atraídos pelo bom preço da soja, eles contra o tempo para encerrar o plantio dependendo apenas da contribuição do clima.
Dos cerca de 140 hectares a serem cobertos com a cultura pela família Catappan, faltam ser plantados ainda 60%. O trabalho estava parado desde o dia 14 e foi retomado apenas na última quarta-feira. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro o período recomendado para o plantio da oleaginosa se estende até dezembro. No entanto, historicamente as lavouras plantadas no último mês do ano apresentam menores produtividades, principalmente após o dia 10.
Conforme Pedro Henrique, que é estudante de Agronomia, a intenção é manter o plantio de toda a área planejada. “Estamos plantando com a esperança de que chova para termos uma boa colheita”, revela. Em média, na área cultivada pela família são colhidos entre 55 e 60 sacas por hectare. Estimulados pelo bom preço eles também fizeram investimentos maiores em adubação e compra de sementes. Nas áreas já plantadas as plantas apresentaram germinação uniforme e ainda não foram identificadas áreas que necessitem de replantio. “Se continuar sem chover talvez precisemos plantar de novo em algumas partes”, pondera.
Ansiedade
De acordo com Claudio Dóro, o momento é de ansiedade para os agricultores que querem terminar o plantio dentro do período em que se apresentam as melhores produtividades. Ele explica que as primeiras lavouras implantadas iniciaram o ciclo bem. No entanto, as plantadas nos últimos 10 dias tem maior possibilidade de precisarem ser replantadas. “Se não tiver umidade suficiente, a semente incha, mas não consegue germinar. Depois que germinou e criou raízes, a soja tem uma boa resistência”, acrescenta.
Sobre a falta de chuvas no mês de novembro, Dóro esclarece que o ideal seria atingir a média histórica para garantir um bom início de ciclo das lavouras. Nos primeiros dois terços do mês o volume de precipitação foi de apenas 10 milímetros, enquanto a média histórica para novembro é de 131,7 mm, de acordo com informações da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet.
O solo ressecado dificulta ainda a realização de diversos manejos no campo, além do plantio. A aplicação de herbicidas é um deles. Conforme Dóro a falta de umidade diminui a eficiência do produto. A aplicação é atrasada para não haver prejuízos com a necessidade de aplicações extras. Na região, a área destinada à soja é de 850.731 hectares.
Brasil
No Brasil, a região a partir do sul do Paraná até o Rio Grande do Sul apresenta os maiores problemas com a falta de chuva para a implantação das lavouras, conforme Dóro. Por outro lado, na região Centro-Oeste, por exemplo, o volume de chuvas é considerado bom. A expectativa da Conab é de que a safra de soja neste ano seja superior a 81 milhões de toneladas. No entanto, se a situação apresentada no Sul se mantiver esse número deverá ser readequado.
Milho
As lavouras de milho também estão entrando na fase de maior dependência de água. Com chuva insuficiente, as plantas, em muitos locais, já demonstram sinais de estresse hídrico, com o enrolamento das folhas.
Sinal amarelo no campo
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