A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que até o final do ano mais de 60 mil novos casos de câncer de próstata sejam diagnosticados no país. Este é o segundo câncer mais comum entre os homens, perdendo apenas para o de pele. No Rio Grande do Sul existe uma estimativa de um em cada seis homens irão desenvolveram a doença.
São dados que alarmam, mas que têm 90% de chances de serem melhores se o caso for diagnosticado cedo. O percentual corresponde ao índice de cura do total de novos diagnósticos feitos precocemente. É para alertar sobre a alta incidência e as grandes chances de cura que este mês está sendo comemorado o Novembro Azul.
“Sabe-se hoje que esses tumores estão aumentando. Nos últimos 30 anos aumentaram a incidência em mais de 90% em função de vários exames que apareceram em função de que os homens estão comparecendo mais ao médico”, avalia o médico urologista Eduardo Scortegagna. No Rio Grande do Sul, especialmente por fatores ligados aos hábitos alimentares, a incidência desse tipo de doença é muito alta. “Aqui se ingere muita carne gordurosa, principalmente no churrasco, e isso aumenta a incidência em relação ao resto do país e outros países onde não existem estes hábitos”, salienta o médico.
Para diagnosticar cedo a doença, se preconiza que a partir dos 45 anos de idade os homens devam se submeter anualmente ao exame físico e de sangue. “Os exames são feitos de maneira ambulatorial. O físico é o toque retal que a gente sabe que existe muito preconceito no nosso meio, principalmente no RS, pois para muitos é constrangedor, mas é o único exame que detecta o câncer precocemente: o toque retal aliado ao exame de sangue”, destaca Scortegagna.
Sintomas
Quando está em fase inicial, o câncer de próstata não apresenta sintomas, por isso a importância ainda maior de fazer exames regularmente. “Os homens não têm sintomas iniciais, só aparecem sintomas nas fases mais adiantadas, quando já não se consegue dar um tratamento adequado”, explica. O melhor tratamento, segundo Scortegagna é a extirpação do tumor. Se localizado precocemente, os casos curados chegam a 90%, mas se perder a chance de localizar cedo o tumor, as chances diminuem consideravelmente.
“O que se sabe é que os homens que fazer check-up anual não têm doença avançada. Sempre que se encontra, é localizada. E os homens que não têm o hábito de fazer o check-up, às vezes passam dois, três, quatro anos e já tem doença metastática, óssea, e você não consegue oferecer o melhor tratamento que seria a tentativa de cura”, ressalta.
Grupo de risco
Se a doença já tiver aparecido no grupo familiar, entre algum parente próximo, como pai, irmão ou tio, as chances de ter o câncer aumentam em 25%. De dois parentes tiveram a doença, a chance de aparecer triplica. “Então, quem sabe que tem tumor na família, tem que procurar o médico e ter um controle mais rigoroso, o check-up tem que ser mais frequente”, aviso o urologista.
Prevenção
A alimentação e atividade física são fundamentais para a prevenção. “Diminuir a ingestão de gordura saturada, como carne vermelha e frituras e aumentar a atividade física estão no topo da lista da prevenção”, avalia Scortegagna. A obesidade abdominal aumenta, além do risco de doença cardiovascular, a chance de câncer de rim e de próstata.
Conforme o Inca, está comprovado que “uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco de câncer, como também de outras doenças crônicas não-transmissíveis. Nesse sentido, outros hábitos saudáveis também são recomendados, como fazer, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar”.
Tratamento
Com o diagnóstico precoce, o tratamento é curativo. “Na grande maioria dos casos em que os tumores são localizados, existem hoje tratamentos minimamente invasivos que são os por videolaparoscopia, que não precisa de cortes grandes no abdome. As recuperações são rápidas e a gente consegue uma maior preservação da potência e da continência que são o grande problema do preconceito, pois os homens pensam que vão tratar e ficar impotentes. Hoje o índice de cura e preservação são bem melhores que no passado”, salienta.