Apae: A união faz a força

Doações da comunidade são fundamentais para a entidade que precisa de aproximadamente R$ 120 mil mensais para manter o seu funcionamento

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“Doar para a Apae é uma forma de agradecer as coisas boas que recebi na minha vida e também é uma forma de agradecer o trabalho maravilhoso realizado pelos profissionais e funcionários aos alunos da Apae”. As palavras da professora mestre em Educação Matemática, Terezinha Segalin, revela o quanto a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais faz parte da comunidade de Passo Fundo. Uma instituição que tem 47 anos de história e que já passou por muitos desafios para chegar ao patamar positivo em que vive atualmente. Uma organização social que sobrevive de recursos financeiros de doadores e de convênios com os governos federal, estadual e municipal e de projetos. 

Um desafio enorme para conseguir atingir os R$ 120 mil mensais necessários para manter os serviços nas áreas de saúde, assistência social e de educação. Cerca de 350 pessoas recebem o atendimento mensal. Segundo a administradora da Apae, Tânia Maria Bilibio, a instituição está passando nos últimos anos por uma transformação em todos os níveis desde a parte administrativa, na forma de gestão, nos atendimentos e na parte física.
A reestruturação do espaço físico é uma das principais ações visíveis. “Passamos muitas décadas sem reformas e adequações. Estamos fazendo melhorias nos acessos desde a entrada, nas salas de aula e banheiros. Muitos dos nossos usuários utilizam cadeiras de rodas e a instituição tem que estar adequada”, disse a administradora.

A Apae oferece atendimento às pessoas com deficiência na área de educação, através da Escola Especial Sorriso do Amanhã, na assistência social e na saúde (atendimento médico, psicologia, fonoaudiologia, neurologia, ginecologia, fisiatria, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia, ecoterapia e hidroterapia).

Neste ano, a Apae conseguiu incluir 40 novas pessoas, mas outras 60 aguardam na lista de espera por atendimento. “É um grande desafio, porque estamos cada vez mais buscando a qualificação dos serviços para atender o maior público possível. Por isso, a partir do dia 10 de dezembro faremos um mutirão com os profissionais para atender esta lista de espera”, revelou Tânia.

A comunidade faz a diferença
A Apae possui aproximadamente 10 mil doadores cadastrados, mas apenas 40% deles são doadores fiéis. Eles são responsáveis por cerca de 30% a 40% dos recursos que mantém a instituição. “A colaboração e união destes esforços é que conseguimos manter a instituição. Quanto maior for o número de colaboradores, mais serviços são possíveis de serem ampliados”, declarou a administradora da Apae.

O agropecuarista, Pedro Ferrarin é um dos doadores que ajudam mensalmente a instituição e outras sete entidades. “Quero fazer muito mais. Saber que uma criança vai receber comida ou um atendimento melhor comove qualquer um. Não há dinheiro que pague”, disse Pedro. Ele acompanha e conhece pessoalmente a Apae. O agropecuarista reforça que a união faz a força e se todos ajudarem com um pouquinho a Apae pode ficar ainda melhor. “Doar faz com que a gente se sinta bem, durma tranquilo. Guardar dinheiro no bolso não satisfaz ninguém”, salientou Pedro.

A professora mestre em Educação Matemática, Terezinha Segalin, contribui há cerca de 15 anos com a Apae. Tinha o sonho de ser professora, fazer faculdade e se tornar mestre. Os objetivos foram alcançados com muita dificuldade. Para agradecer as coisas boas que recebeu, Terezinha resolveu ajudar os outros. A Apae foi a escolhida pelo trabalho que desempenha e pela dedicação dos funcionários e professores em ajudar no desenvolvimento das pessoas com deficiência. “Me sinto feliz em ajudar estas pessoas mais necessitadas. A Apae é um escola que ensina os alunos a se desenvolverem. Os professores são desafiados a todo o momento. Para os alunos gostaria de dizer que amo a todos e aos funcionários agradecer pelo trabalho maravilhoso que realizam”, declarou a professora.

Gestão eficiente

Uma das responsáveis por melhorar ainda mais a imagem da Apae foi a visão inovadora e qualificada da diretoria da instituição. Ela é composta por integrantes de diferentes áreas da saúde, da assistência social, da educação, da contabilidade, entre outras áreas, que juntos agregam valor no trabalho da instituição.

Segundo a presidente da Apae, Silvia Portillo, a diretoria trabalha para conseguir oferecer o melhor atendimento na educação, na saúde e na assistência social e para melhorar o espaço físico. Para atingir estes objetivos, a instituição busca profissionais qualificados. “Só para se ter uma ideia, quando chegamos aqui tinha apenas uma assistente social. Hoje temos quatro profissionais desta área. Ser presidente da Apae é uma grande responsabilidade, mas é muito gratificante olhar para trás e ver os avanços que a Apae teve”, declarou a presidente.

Desenvolvendo potencialidades

A Escola Especial Sorriso do Amanhã abrange 242 alunos e trabalha conforme diretrizes do Ministério da Educação na educação especial dentro da perspectiva da inclusão social. Segundo a diretora da escola, Ângela Mara Berlando Soares, a ideia é que a escola potencialize a aprendizagem das pessoas com deficiência intelectual ou múltiplas. “O nosso investimento nos aspectos cognitivos é potencializar o aprendizado de modo que o usuário consiga evoluir e possivelmente migrar para a escola comum. Mesmo assim, ele continua tendo o nosso apoio e permanece recebendo os nossos serviços”, explicou Ângela.

A escolarização na Apae é composta pela educação infantil, Ciclo de Aprendizagem (Ensino Fundamental) e Educação de Jovens e Adultos (EJA). O EJA foi implantado em 2011 e prioriza cinco áreas do conhecimento: Artes, ciências sociais, ciências da natureza, língua e literatura e conhecimento lógico matemático. “São cinco áreas essenciais para que eles adquiram autonomia no dia a dia e condições de ingressar no mercado de trabalho”, frisou a diretora da escola.

O trabalho realizado na Apae conta com muito profissionalismo. “Ultrapassamos aquele período em que a gente pensava em trabalhar com pessoas com deficiência por caridade, por vocação e compaixão. É preciso trabalhar com conhecimento e profissionalismo”, enfatizou Ângela.

Carinho incondicional
A professora do atendimento educacional especializado, Patrícia Machado Dornelles, trabalha há 24 anos na Apae e é apaixonada pelo trabalho que desempenha. “Gosto do que faço. No fundo acho que é uma missão. Eles são muito carinhosos”, disse a professora enquanto recebi um abraço do aluno Jeová, de 16 anos.

Visita especial

A advogada, Graça Jussara Cordeiro de Oliveira reside no Rio de Janeiro, mas aproveitou a passagem por Passo Fundo para conhecer o trabalho desempenhado pela Apae no município. “Vivemos no nosso mundo, com o nosso conforto e existe este mundo tão lindo pra ver. É preciso sair desta inércia em que vivemos”, declarou a advogada.

Melhorias necessárias neste momento

Entre as reformas e equipamentos necessários estão uma pintura geral, a implementação de uma brinquedoteca e a aquisição de um novo ônibus para transporte dos usuários. Para o ônibus a instituição já possui alguns parceiros, mas a ideia é angariar mais recursos para atingir a meta de um veículo zero quilômetro.

Calendário da Apae
Nesta edição, o calendário 2013 da Apae é composto por fotos de 12 adolescentes usuários da instituição. O valor é R$ 7,00. O dinheiro arrecadado é revertido para as ações da entidade. Eles estão à venda na sede da Apae, na Rua Bezerra de Menezes, nº 70.

Como ajudar:
As pessoas interessadas em contribuir com a Apae podem entrar em contato pelo telefone: (54) 3313-1330.

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