Sem especulações sobre o futuro

Especial Fim do Mundo - Para católicos e judeus o mais importante é viver o presente de modo a transformar o mundo em um lugar agradável

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Os católicos e os judeus têm opiniões diferentes em relação ao fim do mundo. Os primeiros acreditam que mais do que pensar quando isso se dará, é necessário estar preparado para quando o momento chegar, sem se fazer especulações sobre o futuro. Para os judeus a Torá, que é o livro sagrado, não faz referência nenhuma ao apocalipse. Para eles, esta é uma possibilidade que cabe somente a D’us saber (os Judeus raramente escrevem a palavra Deus completa em respeito ao mandamento: não usará seu nome em vão).

Em Passo Fundo, a comunidade judaica é composta por aproximadamente 15 famílias. De acordo com o presidente da Sociedade União Israelita de Passo Fundo Daniel Winik o Torá não fala nada a respeito do fim do mundo, bem como a tradição judaica também não faz referência a isso. Para eles, o momento aguardado é o da chegada do messias da qual não se sabe nem quando nem onde acontecerá. De acordo com Winik, o fim do ano de 2012 não significa nada se não o respeito pelo cristianismo. O calendário judaico é determinado por ciclos lunar e solar e eles estão no ano de 5763. Para o presidente da associação o importante é o respeito entre os praticantes das várias religiões e as ações praticadas respeitando os ensinamentos da Torá.

Na Bíblia
No capítulo 13 do evangelho de Marcos os apóstolos Pedro, Tiago, João e André questionam Jesus sobre quando se dará o fim dos tempos.  No entanto, Jesus diz a eles: passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Este é um exemplo de literatura apocalíptica que é utilizada em vários livros da Bíblia, inclusive no Apocalipse. Mais do que ser uma previsão, esses textos são considerados como orientação para as pessoas em momentos difíceis, conforme explica o padre Ivanir Rampon que também é professor do Instituto de Teologia e Pastoral (Itepa) de Passo Fundo.
Rampon esclarece que o livro do Apocalipse foi escrito para orientar as pessoas em momentos difíceis. 

“O livro do Apocalipse é escrito para momentos de perseguição e sofrimento, onde uma comunidade toda está sendo oprimida, então alguém escreve falando numa linguagem futura algo que já está acontecendo. O Apocalipse não fala do futuro, mas do presente, dando dicas de como a comunidade perseguida precisa viver naquela situação”, esclarece. Para ele, a literatura apocalíptica não é para assustar, mas para sustentar um compromisso com a paz e a justiça em momentos de perseguição. Para compreender o significado de tudo que está escrito nesses livros é necessário conhecer o contexto em que foram escritos para entender a linguagem simbólica utilizada. A simples leitura e interpretação pode levar as pessoas a terem um entendimento equivocado daquilo que está escrito.

Por outro lado, a chance da terra acabar um dia é considerada possível, afinal Jesus disse: céus e terra passarão, mas a palavra de Deus não passará. No entanto, a igreja Católica prefere falar de Parúsia que é o momento do encontro com Jesus Cristo. “Cada pessoa terá um momento em que se encontrará com Jesus, mas quando isso ocorrerá e como será continua sendo um mistério. As pessoas devem estar vigilantes para o momento do encontro”, completa.   

100 d.C.
O padre Nelson Tonelo é professor da disciplina de Apocalipse do Itepa. Ele explica que o livro do Apocalipse foi escrito aproximadamente no ano 100 depois de Cristo (d.C.) e o autor tinha como objetivo refazer a fé e a esperança das comunidades cristãs especialmente da Ásia Menor porque estavam cansadas e ameaçadas pelo Império Romano que não admitia a fé cristã.  “Para o autor do Apocalipse, aquele mundo estava com os dias contados e iria acabar, como de fato acabou a exemplo de outros impérios que usavam as mesmas práticas”, esclarece explicando que o escravagismo e as guerras dominavam o período.

Segunda
Na edição de segunda-feira você confere algumas previsões do fim do mundo que, obviamente, não se concretizaram.

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