Os maias fazem parte das sociedades indígenas mesoamericanas surgidas aproximadamente 1500 anos a.C. Até hoje muitos mistérios dessa civilização desafiam cientistas. Os escritos deixados por eles só foram parcialmente decifrados, o que dificulta as pesquisas. No entanto, sabe-se que eles tinham muito conhecimento sobre astronomia, um sistema matemático complexo e eficiente, e ainda dominavam a agricultura. As explicações são da professora do curso de História da UPF Rosane Neumann.
A sociedade maia teve o seu auge durante o chamado período Clássico, entre 250 e 950, quando, segundo os estudos, a população teria ultrapassado 13 milhões de pessoas. Grandes cidades e centros cerimoniais pequenos se espalhavam por toda a planície da península de Yucatã, que abrange o sul do México, Guatemala e quase todo Belize, bem como o oeste de Honduras, em geral, regiões muito secas. Entre 750 e 950 se iniciou um rápido declínio, com o abandono dos centros urbanos e a extinção dessas sociedades. As razões ainda são desconhecidas – especulações apontam para o esgotamento do solo, secas, pressão demográfica ou guerras.
Mistura
A queda dos principais centros mesoamericanos provocou o florescimento de centros cerimoniais secundários ou regionais. A ausência de poder permitiu a infiltração dos chichimecas e toltecas, com as quais a cultura maia acabou se fundindo. Quando os colonizadores europeus chegaram à América, a sociedade maia e sua estrutura social já não existiam mais, e sim, as sociedades surgidas a partir da fusão com outros povos. Daí a dificuldade de estudar os maias, pois os europeus não chegaram a conhecer essa sociedade no seu apogeu, somente as ruínas, e resquícios presentes na cultura maia-tolteca.
Sociedade organizada
A organização política se dava na forma de pequenas cidades-estados independentes, de caráter pacífico e sacerdotal. Isto é, não eram guerreiros conquistadores, embora mantivessem uma elite militar responsável pela defesa e a guerra. A base econômica dos maias era a agricultura, com o cultivo do milho, presente ainda hoje como uma das principais cultivares da nossa agricultura. Como tecnologia de plantio, utilizavam a coivara, a qual predominou no Rio Grande do Sul até metade do século XX, pelo menos.
Comerciantes
Os maias mantiveram estreitas relações comerciais com Teotihuacán e Monte Albán, comercializando produtos como o sal, já que Yucatan era o primeiro produtor deste mineral. Exportavam também têxteis de algodão, cacau, mel, pluma, jade, obsidiana para outras regiões por terra – construíram estradas pavimentadas – ou por mar, via navegação de cabotagem.
Grandes pirâmides
A arquitetura era predominantemente religiosa, com a construção de templos e monumentos, em geral na forma de pirâmides, com variadas dimensões, execução e decoração em pedra talhada. Preocupavam-se mais com o exterior dos edifícios, dando pouca atenção ao interior. Os templos que coroavam as pirâmides, por exemplo, eram pequenos e escuros com cobertura de madeira ou falsa abóboda. Eram politeístas, cultuando vários deuses da natureza (chuva, vento, milho, fogo).
Escrita
Desenvolveram a escrita hieroglífica, baseada em um complexo sistema silábico parcialmente decifrado. Fragmentos de seus registros literários, de cunho religioso e lendas, foram preservados. Também desenvolveram a cerâmica e a escultura em barro. De observatórios astronômicos acompanhavam a trajetória dos planetas e criaram seu calendário. Elaboraram seu próprio sistema matemático com base numérica 20 e dominavam o conceito de zero e o princípio do valor relativo.
Descendentes
A população descendente dos maias permanece ocupando a América Central, marcada por uma mescla cultural. Percebe-se resquícios da cultura maia em suas tradições, lendas e dialetos. A América também tinha grandes civilizações, que eram contemporâneas às civilizações europeias, com uma estrutura política, social, econômica e cultural complexas, praticamente desconhecidas. Para alguns antropólogos, a sociedade maia é a Grécia da América.