Uma bola de fogo incandescente que riscou o céu e desapareceu após uma forte explosão intrigou os passo-fundenses na quarta-feira à noite. Fenômeno aconteceu por volta das 23h, e foi visto de diversas regiões da cidade, inclusive em municípios vizinhos. Pelas características descritas, especialistas acreditam se tratar de um meteorito que teria se desintegrado antes de tocar o solo.
Como costuma fazer todas as noites, o aposentado Claudio Luiz de Moraes Treicha, 48 anos, estava sentado na área de sua residência, no bairro José Alexandre Zachia, observando o céu, quando foi surpreendido pelo fenômeno. “Nunca tinha visto nada parecido. Era uma bola de fogo grande que descia fazendo curvas. O clarão era branco e iluminou tudo. Durou uns cinco segundos, depois explodiu e sumiu. Era diferente de uma estrela cadente” conta entusiasmado. A esposa dele, Teresinha Teixeira Treicha, 51 anos, estava na sala e também percebeu o clarão. “Pensei que era algum raio, mas foi muito forte” diz.
Religioso, o aposentado lamentou não ter conseguido tirar o celular do bolso para registrar a imagem, no entanto, teve tempo para fazer três pedidos. “Surgiu no momento em que eu estava meditando, pensei ser um sinal de Deus. Depois fiquei sabendo que várias pessoas também viram o clarão”. Logo após o fato, dezenas de pessoas passaram a ligar para as rádios da cidade dando depoimento sobre a tal ‘bola de fogo’. Uma delas disse que estava na sacada de um prédio, no bairro Petrópolis, com o namorado, quando viu um clarão azul no céu. “Quando se aproximou da terra, foi ficando vermelho e muito quente. Iluminou tudo e desapareceu com um forte estrondo” relatou.
Moradora da localidade de Nossa Senhora das Graças, interior de Passo Fundo, Ruth Teresinha Cassassola, 65 anos, não chegou a ver o clarão no céu, mas escutou o estrondo. “Eu recém havia deitado. Estava com a casa fechada. Parecia uma explosão. Fiquei muito assustada” contou. Pelos depoimentos, a explosão teria acontecido na direção da BR 285.
Meteorito
Com base nos relatos, o responsável pelo Grupo de Estudo de Divulgação da Astronomia de Videira (Gedavi), em Santa Catarina, Gilmar Marques de Oliveira, definiu o fenômeno como um meteorito de aproximadamente 20 a 30 centímetros. “Essa pedra entra na terra numa velocidade de aproximadamente 35 mil km/h, e se desintegra antes de tocar o solo. Caso contrário, formaria uma cratera de pelo menos quatro metros de profundidade” explica. Ele também descartou a possibilidade de o fenômeno ter sido ocasionado por lixo espacial. “A Nasa tem o controle sobre esse lixo e costuma informar quando há possibilidade de queda de algum objeto, o que não foi o caso em Passo Fundo” observa.
Pós- graduado em ciências física e biológica e estudando astronomia há 16 anos, o especialista diz que a incidência de meteoritos na terra acontece com frequência, mas a chance de acompanhar a passagem e autodestruição de um deles é de uma em um milhão. “É um espetáculo fascinante para quem teve a chance de observar”. Segundo ele, esta época do ano, com a entrada do verão, ocorre a maior incidência de pequenos meteoritos. “Temos um céu muito rico em dezembro, janeiro, propício para observação dos planetas, constelações e fenômenos como este que ocorreu em Passo Fundo” destaca.
Nova chance
Quem não conseguiu observar o meteorito, terá uma nova chance, provavelmente no mês de março do próximo ano, com ajuda de equipamentos sofisticados. Um núcleo do Gedavi, que percorre o Brasil divulgando a Astronomia, estará em Passo Fundo com palestras e visualização dos astros.