Esta semana li, em algum jornal, comentário rançoso sobre o filme Campo dos Sonhos (1989) protagonizado por Kevin Costner e,coincidentemente assisti novamente por canal pago o Duas Vidas (2000) protagonizado por Bruce Willis intensamente reprisado. Tratam da mesma temática, a de uma segunda oportunidade, ou segunda chance, possibilidade de resgate. Em Duas Vidas, o diretor conduz a idéia da vida amarga de um quarentão, que necessita retornar ao passado para atingir um futuro que sonhou quando criança. Algo falhou durante sua trajetória de vida e ele não [e o que sonhou ser.
Então, ele é levado de volta aos seus oito anos para ser reconduzido ao sonho . Em Campo dos Sonhos, o cara tem um rompimento aos dezessete anos com seu pai e somente tem contato com o mesmo no seu velório. O protagonista deste filme também tem uma vida em que falta algo, começa a ter delírios auditivos e constrói um campo de beisebol onde seu pai vem jogar, juntamente com outros jogadores falecidos. Ao reencontrar seu velho há a possibilidade do resgate, do restabelecimento das relações quebradas. Não sou tal qual Dr Gilberto Oliveira, cinéfilo declarado, em cuja estante repousam mais de três mil filmes, mas tenho alguns que marcaram minha vida e que volta e meia procuro assistir com meus filhos.
Foi o que aconteceu com Campo dos Sonhos. Emocionado ainda uma vez com o desfecho do filme fui até a sacada para mascarar uma lágrima furtiva após ter percebido o reencontro de pai-filho. Então, fui tomado por alegria intensa e pensei: vou ligar agora para o meu pai! Caminhei rapidamente até o telefone e depois de alguns segundos, eternos segundos, dei-me conta da morte dele há três anos. Foi uma mágica a furtiva idéia de contatar, mas somente isso.
Fui então ao cemitério, acariciei as fotos de meus pais e abri meus braços como se estivesse abraçando os dois, senti uma imensa paz e agradeci aos dois por tudo vivido e dividido. Quem critica um filme mágico como Campo dos Sonhos deve ter visto o filme sob outra ótica que não a da magia. Não percebe que arte é arte e que às vezes imita a vida. Nossas vidas têm que ser mais que vidas, têm que ser arte também.
Desejo intensamente aos meus amigos que ninguém necessite ter duas vidas para resgatar o que não foi possível desenvolver e que ninguém tenha necessidade de construir campos de sonhos para reencontrar e se desculpar com aqueles que já não habitam mais entre nós. Desejo vida de realizações, desejo vida de paz que o resto a gente busca.
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