Este princípio de ano pode ser uma boa oportunidade para adquirir produtos que uma semana atrás estavam de 10% a 40% mais caros, em média. Linhas de vestuário e eletrodomésticos do ano passado podem ser adquiridas com bons descontos. Liquidações logo no início de janeiro são típicas do setor do comércio varejista especializado em móveis e eletrodomésticos. A preocupação é reduzir o estoque e vender, especialmente, os produtos de mostruário, explica o diretor financeiro da Câmara de Dirigente Logistas (CDL) Ary Rabello. Já outros setores, como calçados e confecções, tendem a começar um pouco depois as promoções.
Não é o caso da loja de confecções onde atua a gerente Ana Paula Medeiros. No estabelecimento já iniciou o período de liquidação. “Nesse momento a movimentação é um pouco fraca por isso já abaixamos um pouco o preço e damos descontos maiores para vender o que ficou”, conta. O estabelecimento que fica em uma região bastante central e próximo a um shopping center, consegue atrair quem está de passagem pela cidade, rumo ao litoral. Mesmo assim, Ana Paula diz que o movimento ainda não é o ideal. Como as vendas em 2012 ficaram abaixo do esperado, o volume do estoque também é maior o que intensifica a tentativa de atrair os clientes com condições facilitadas. “Acredito que a partir da próxima semana nosso fluxo vai estar melhor”, prevê.
Na loja de móveis e eletrodomésticos gerenciada por Luís Jacob Schlemer os produtos têm descontos que variam entre 8% e 25% sobre o preço real. A promoção de início de ano já é tradicional na rede varejista que têm filiais em todo estado. Embora sejam oferecidos prazos mais esticados, com pagamento só para o dia 1º de março, Schlemer explica que este é um momento em que muitas pessoas aproveitam para comprar à vista. “Aumenta consideravelmente o percentual de vendas à vista. Muda o público neste período, são pessoas que guardam dinheiro no mês de dezembro para comprar em janeiro”, relata o gerente.
De acordo com Schlemer existe uma ligeira baixa no movimento durante o início do ano, mas após a segunda quinzena de janeiro o fluxo já começa a normalizar. O período mais difícil é o próximo mês. “O que dá baixa em nosso fluxo de clientes é fevereiro. No final de fevereiro já começa a melhorar porque há muitos estudantes de fora que chegam a Passo Fundo e começam a mobiliar casa ou apartamento”. Segundo o gerente as promoções do estabelecimento não devem se prolongas para além deste mês.
Endividamento retrai consumo
Rabello chama atenção para o fato das estratégias de venda também tentarem driblar o endividamento. Com boa parte da renda comprometida em bens adquiridos à prazo, às vezes bem espichados, o consumidor tem se mostrado mais moderado na hora das compras. “Com as vendas de Natal atingimos a meta de crescimento de 5,5%, mas poderia ser melhor”, exemplifica. Na avaliação do diretor financeiro, o alto endividamento é reflexo do incentivo para compra de automóveis e da linha branca de eletrodomésticos, com redução de IPI. Enquanto a Confederação Nacional do Comércio dá conta de que 65% dos brasileiros estão endividados, no município os dados são ainda mais preocupantes, ultrapassando em mais de 6% a média do país.
Um terço dos temporários efetivados
Apesar do cenário frustrar as expectativas mais otimistas, nas duas lojas consultadas, foram efetivados entre 30 a 40% dos trabalhadores com contratados temporários para o final do ano. Mesmo a loja de confecções, com vendas abaixo das expectativas, permaneceu com duas das cinco pessoas contratadas para os últimos meses de 2012.