Os produtores de soja fizeram a lição de casa. Implantaram boa tecnologia no campo, entusiasmados com o mercado da soja no último ano. Até agora tudo caminhou conforme o previsto, boa tecnologia de fertilização do solo e as chuvas da primeira quinzena de janeiro deixaram as plantações com um padrão de qualidade histórico. No entanto, há 17 dias não chove com regularidade na região. Isso preocupa os agricultores já que a cultura está em uma fase crítica quanto a necessidade de água.
Conforme o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro até o momento tudo se encaminha para uma excelente safra, no entanto é necessário que chova neste final de semana para garantir uma boa formação de vagens e enchimento de grãos. “O padrão de lavoura é o melhor que temos na história até o momento. É bom porque o produtor caprichou. Ele investiu devido aos bons preços e não quer desperdiçar dinheiro. Ele adubou muito bem e está conduzindo os tratos culturais como o controle de ervas daninhas, pragas e doenças, muito bem”, observa. Para hoje há a possibilidade de chuva que deverá amenizar a situação caso venha em boa quantidade e bem distribuída.
Fase crítica
A soja está em uma fase crítica com grande necessidade de água devido a floração e formação das vagens. Dóro esclarece que nesta fase são necessários de cinco a seis milímetros diários de água. “Em 30 dias precisaria de 150 a 180 mm de chuva bem distribuída. Temos um acumulado até o momento inferior a 100 mm e está mal distribuída. Concentrou-se nos primeiros dias do mês e agora está escassa”, pontua. Nas observações de campo, ele destaca que entre o período do meio-dia e às 17h as folhas ficam viradas e com aspecto acinzentado. Esse é um mecanismo da planta para se proteger da insolação e diminuir a evapotranspiração. “Se não chover nos próximos dias vai acender o sinal amarelo”, alerta.
Ferrugem
Nas lavouras da região também foram identificados focos de ferrugem asiática. Dóro explica que as condições climáticas não permitiram que a doença se alastrasse e causasse maiores danos. Para o fungo se desenvolver são necessárias temperaturas entre 15ºC e 28ºC e umidade relativa do ar entre 75% e 80%, além de chuvas frequentes ou longos períodos de molhamento foliar. “No momento as temperaturas estão entre 15ºC e 28ºC, mas a umidade relativa do ar está baixa, entre 40% e 60%. Alguns focos foram detectados pelo Consórcio Antiferrugem, mas não se expandiu muito porque não temos o molhamento superficial das folhas”, pondera. Os produtores estão atentos ao problema e a maioria já fez a primeira aplicação de fungicida e estão aguardando os próximos dias para fazer a segunda ou a terceira aplicação.
A ferrugem é caracterizada por pontos escuros mais visíveis na parte de baixo da folha. As manchas são sinal de que o fungo está se multiplicando. Na região mais de 850 mil hectares estão cobertos com soja. Dóro alerta que o momento é de monitorar a lavoura para controlar focos de doenças ou pragas, e qualquer dúvida o produtor deve procurar a assistência técnica.