Faltando duas semanas para o desfile de rua em Passo Fundo, a escola Academia de Samba Cohab I, vice-campeã do ano passado, está dedicada aos preparativos dos adereços e carros alegóricos. Enquanto os ensaios diários acontecem na Associação dos Moradores do bairro que dá nome à escola, o trabalho de confecção das atrações que vão para a avenida com os mais de 300 integrantes também está a todo vapor. “A cada ano a gente vem crescendo e este ano também teremos um diferencial”, garante o presidente Neri Airton Freitas Ribeiro, sem revelar detalhes. Na busca pelo título, o dirigente promete algumas surpresas e a maior expectativa é relacionada à bateria, o setor de maior destaque e que em 2012 recebeu nota máxima.
A preparação para o Carnaval de 2012 começou ainda em maio do ano passado. O tema enredo foi o primeiro item a que os integrantes definiram. O samba-enredo, que tem como autores Paulo Almeida e Vini do Banjo, levará para a avenida a temática dos contos de fada e toda a magia das histórias infantis. Agora a energia tem outro foco. “Os carros alegóricos estão bem adiantados e está praticamente tudo pronto, mas na reta final ainda faremos alguns detalhes de carros e adereços. Mas, pelo nosso planejamento, este ano não haverá correria, estamos com tudo dentro do cronograma”, revela o presidente da escola.
Barracão improvisado
A poucas quadras da sede da escola, a casa da carnavalesca Elaine Ribeiro, a Neca, funciona como um barracão improvisado onde são confeccionados os adereços das fantasias e esculturas dos carros alegóricos. Logo depois do portão, os vestígios de purpurina são indícios sobre o que acontece nos fundos da residência. Neste ambiente caseiro, o preparativo para o samba na avenida é acompanhado pelo chimarrão. A cuia transita de mão em mão entre as artesãs voluntárias: a carnavalesca e outras três mulheres apaixonadas pelo Carnaval. Elas se desdobram entre plumas, paetês, purpurinas, tintas, cola, tesoura e mais algum material brilhante. Mas Neca garante, nem só de glamour se faz um desfile, até sucata é utilizada. “Usamos muito material reciclável, como garrafa pet e tampinha de garrafa. As pessoas olham na avenida e se surpreendem, pensam ‘meu Deus de onde saiu isso aqui’. Ninguém sabe que é uma caixinha de leite, como uma favela (para um dos carros), que a gente fez o ano passa só com caixas de leite”, exemplifica. O companheiro amargo e saboroso.
Tradição de família
O envolvimento de gerações de voluntários da comunidade é uma característica no perfil da escola. “Aqui na Academia a gente se orgulha muito porque são famílias que participam”, conta. “(O trabalho vai) desde lavar o chão, até fazer os adereços. Quem não sabe vem e aprende. Tinha gente que não sabia nem pregar uma lantejoula e agora faz maravilhas”, relata satisfeita. Com a paciência e dedicação de uma das voluntárias até as crianças já estão aprendendo a bordar as próprias fantasias e assim a tradição vai sendo herdada pelos pequenos.
“Eu sempre digo para todo mundo que o Carnaval é como se fosse a minha vida. Eu vivo o Carnaval desde que aprendi o que era isso quando tinha oito anos. Nasci para isso, aprendi com meu pai”. Assim como adquiriu o gosto pela mais popular festa pagã, Neca e o marido transmitiram o carinho pela folia. A filha mais nova do casal, aos 10 anos, está deixando a faixa de princesa infantil do Carnaval 2012. Já a mais velha, aos 19 anos, concorre neste sábado à rainha da categoria adulta. E, os membros da árvore genealógica envolvidos com a escola não encerram aí. A avó das meninas, mãe da carnavalesca, é uma das voluntárias que atua nos bastidores, entre brilhos e plumas, com a confecção dos adereços.
Preparativos para o samba, com chimarrão
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