O cansaço de tristeza
Tendo acompanhado desde o início a tragédia na boate Kiss de Santa Maria, confesso que sentimos certo estresse, um cansaço de aflição com algo que não é alheio, é de todos. A dor é como noite tenebrosa e lúgubre que estende seu manto sombrio sobre nossas cabeças. Tudo é assustador. Enquanto respiramos o ar pungente, sente-se o sufoco da lágrima e o inchaço da impotência, essa fatal finitude humana. A imprensa tem mantido informação permanente e o foco na solidariedade, para se tentar responder apelos urgentes no atendimento dos sobreviventes e pessoas relacionadas com os afligidos no sinistro.
Responsabilidade
Embora desaconselhável qualquer precipitação na responsabilização pela tragédia, surgem hipóteses que podem significar causas do infortúnio, agravas com o desdém á obrigação nos cuidados. Num local de aglomeração, por exemplo, não se pode admitir falta de qualidade no material de construção ou dos extintores de incêndio. Quase sempre, nesses casos, a avidez pelo lucro é ameaça cruel à vida humana. Por isso, a falta de comunicação devida torna os ditos seguranças acima do bem e do mal, barrando pessoas no brete de saída, priorizando a arrecadação financeira. Frações de segundo podem significar o pior desrespeito ao direito das pessoas. A bilheteria mais austera que as cautelas obrigatórias de segurança parece ser situação comum na estruturação de eventos, no transporte em geral e tantas outras atividades.
Os heróis
A morte das vítimas na boate em Santa Maria é a realidade implacável, mas o esforço para salvar muitas vidas foi também aspecto forte. Um moço corajoso e solidário buscava feridos e desfalecidos, salvando das chamas e da fumaça tóxica. Ele tentou mais uma vez, mas foi vencido pelo veneno da fumaça. Não mais retornou vivo. Atitudes de tamanha grandeza revelam valores repletos de significação. Para não nos omitirmos na valorização deste gesto supremo da dignidade humana somos convocados a zelar mais pelas nossas relações, desde o uso de um veículo de carga perigosa e todo o contexto defensivo no trânsito, o respeito ambiental, ou o uso de energia elétrica. O uso de fogos em ambiente interno é sempre absurdo. É atentado!
Retoques:
* O escritor Rubens Figueiredo é persistente nas abordagens sobre a igualdade. Para buscá-la é preciso saber o que existe e o que não existe e que deve ser obrigatório no convívio humano. Impressiona muito a personalidade do autor, recolhido, modesto e sereno, mas arrojado na sua grande descoberta de vida no magistério, sobre oportunidade e dever humano de respeitar o direito mínimo de subsistência.
* Uma campanha vitoriosa no pleito é como arrancar frondoso pé de mandioca. Se o solo não estiver fofo ao colher a produção, a raiz que alimentou a campanha eleitoral pode ficar soterrada. Cavar novamente ao redor e resgatar a raiz: eis a questão! No cenário da recente eleição municipal há descontentamento de um grupo que dissentiu do PP e apoiou Luciano.
* Após vários anos de ausência em Passo Fundo, o ex-gerente da a então Rádio Passo Fundo, Valdir Sudbrack esteve em Passo, recebido por muitos amigos ligados ao rádio da década de 80, na residência do Cesar Romero, com delicioso carreteiro. Sudbrack continua firme e dedicado à arte da comunicação radiofônica, produzindo programas para várias emissoras, mercê sua requintada qualidade cultural, sem falar do vozeirão que ouvimos retumbar no diálogo do encontro. O tom tonitruante era acompanhado pelo veterano mestre Jorge Gerhardt.
* O plantio direto vem comemorando 30 anos de nova prática no uso do solo agrícola. Vantagens são muitas como, menor agressão ao solo, melhor seqüestro de carbono, e produtividade.
* A recente resolução do Conselho Nacional de Trânsito aperta o cerco contra consumo de álcool para quem dirige. Tolerância zero não mata ninguém e pode tirar incautos do volante.