“Tive falência de órgãos, fiquei em estado grave. Escapei por pouco”. O relato de uma das vítimas da leptospirose mostra o quanto a doença deve ser levada a sério. A Vigilância em Saúde já está atuando na prevenção há algumas semanas no bairro Jaboticabal alertando os moradores que costumam se banhar nas águas da pedreira do bairro. Até o momento, dois casos de leptospirose foram confirmados e existem outros quatro suspeitos. Placas de alerta estão sendo confeccionadas pela prefeitura para serem instaladas no local.
Os dois casos confirmados são de um homem de 38 anos e do filho dele de 11 anos. Pai e filho contraíram a doença depois de entrar na água da pedreira. O pai disse que os sintomas iniciaram duas semanas após o contato com á água. “Passei uma semana em casa achando que estava com gripe. Depois piorei e quando cheguei no hospital estava com falência de alguns órgãos. Meu estado foi considerado grave. Fiquei internado durante 16 dias no hospital. Escapei por pouco. Meu filho de 11 anos ficou 12 dias internado”, relatou a vítima, que pediu para não ser identificada.
As vítimas relataram ainda que entraram algumas vezes na pedreira e que muitas pessoas costumam se banhar no local. “Tomamos um banho de chuva e daí resolvemos entrar na pedreira para completar o dia. Dei um mergulho e engoli um pouco de água pra ajudar. Além de nós outras pessoas sentiram os mesmos sintomas dias depois”, revelou o homem de 38 anos.
Os moradores pedem que a área seja cercada e que a prefeitura proíba a entrada de pessoas no local. “A pedreira fica numa propriedade particular e o local é aberto. Tem que tampar aquele negócio. Enquanto não morrer ninguém eles não vão parar de frequentar. Não pretendo nunca mais voltar lá”, declarou a vítima. O aposentado Alcides Junthon disse que o lugar é ponto de descarte de lixo e de usuários de droga. “Queria utilizar a água para irrigar a chácara, mas desisti porque ela é muito imprópria. Os moradores largam cachorro e gatos mortos dentro da pedreira. Pessoas também vão lá usar drogas”, disse o aposentado.
Placas de alerta
A coordenadora da Vigilância em Saúde, Mara Dill, explicou que as placas ainda não foram fixadas na pedreira porque elas estão sendo confeccionadas. As placas deverão ser instaladas nos próximos dias. “Há todo um processo para confeccionar as placas. É preciso fazer a solicitação, depois três empresas têm que apresentar orçamentos. Temos que fazer as coisas dentro da lei”, justificou a coordenadora da Vigilância em Saúde.
Mara disse que o trabalho de prevenção e orientação à população daquela região já está sendo feita pela unidade de saúde do bairro. A investigação da doença está sendo feita em vários pontos e não apenas na pedreira. A Vigilância em Saúde pede a ajuda da população para a higienização dos seus pátios para evitar a presença de roedores responsáveis pela transmissão da doença. “Além de pedir que as pessoas não entrem na pedreira, pedimos que a comunidade evite acumular lixo e faça a limpeza dos seus pátios para evitar que roedores sejam atraídos”, pediu a coordenadora da Vigilância em Saúde. Amostras dos casos suspeitos serão encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen) para análise. Não há um prazo para a divulgação dos resultados.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria com cerca de 200 espécies diferentes e algumas delas podem causar infecções. Geralmente ela é uma infecção aguda, com um quadro parecido com o da gripe, exceto os sintomas respiratórios. Nos primeiros dias as pessoas manifestam os sintomas de febre, dor de cabeça e dores musculares. Náuseas, diarreia e dor abdominal podem acompanhar esses sintomas. Na segunda fase, os sintomas são mais graves e ocorrem alterações nos rins, amarelão nos olhos e hemorragias. O hospedeiro definitivo dessa bactéria são os roedores. Os ratos são infectados e eliminam essa bactéria pela urina por períodos longos contaminando os ambientes, principalmente a água.